Esta publicação sinaliza caminhos, constrói pontes e abre atalhos para uma temática bastante cara nos dias de hoje: a importância em ouvir, observar e dialogar com o universo da criança. No entanto, ainda que as práticas de escuta infantil estejam cada vez mais disseminadas em esferas e ambientes distintos, no público e no privado, na cidade, na escola e em instituições diversas, é urgente ampliar o debate sobre questões que iluminam abordagens históricas, metodológicas e éticas. Quem está na escuta? reúne artigos de pesquisadores que atuam em diferentes áreas e quem abre a discussão, numa entrevista exclusiva, é Manuel Jacinto Sarmento, professor em Sociologia da Infância da Universidade do Minho, de Portugal. Ele trata da participação infantil na cidade e da representação da infância nos dias de hoje no texto intitulado Retrato em positivo. Para Sarmento, é urgente estabelecer uma relação recíproca, de fala e de escuta, entre adultos e crianças. Assim como Ariadne, a educadora e antropóloga Adriana Friedmann, idealizadora do Mapa da Infância Brasileira, aponta caminhos em A arte de adentrar labirintos infantis. Escutar as crianças, diz a pesquisadora, é como fazer uma viagem ao território da infância. No percurso pelos universos infantis, o viajante descobre diversidade de linguagens, costumes, sabores, cheiros, músicas, danças, brincadeiras, histórias e paisagens. Assim, ao escutar e descobrir o que as crianças têm a dizer, novos mundos e repertórios descortinam-se à frente do adulto. Para ouvir as crianças, no entanto, é preciso estar atento à Poética da infância. Nesse artigo, os professores e pesquisadores Severino Antônio e Katia Tavares tratam de uma educação em que as crianças possam pensar, sentir e se expressar poeticamente. Os autores defendem que as crianças, principalmente as pequenas, exercitam espontaneamente um pensamento mitopoético, em que tudo fala, assim como se transforma em tudo.