O artigo desenvolve o conceito de moderno a partir da etimologia da palavra e passa a discorrer sobre seu uso, culminando na acepção valorativa do termo em relação ao seu oposto, o antigo. Em seguida disserta sobre a adoção do termo para se referir às estéticas no período subsequente à Primeira Guerra (1914-1918) e sobre seus modos de produção na lírica, na prosa e nas artes dramáticas. Entende, ademais, que o modernismo desafia a capacidade de seu interlocutor, o público, por meio de recursos que problematizam o diálogo direto entre agentes e receptores das artes modernas. Para tanto, faz um levantamento da origem da palavra moderno e suas variações (modernismo, modernista) nas letras nacionais, em textos escritos por nomes como, entre outros, José Veríssimo (1857-1916), Ronald de Carvalho (1893-1935) e Nélson Werneck Sodré (1911-1999). Por fim, defende que mesmo uma definição unívoca para moderno, nesses textos iniciais, encontra visões díspares e acepções as mais variadas. Após comentar sobre o uso inicial e o conceito do moderno nas artes brasileiras, o artigo apresenta, no mais, leituras sobre as várias vertentes modernistas e as possibilidades de um marco que estabeleça o fim do modernismo em estudos recentes da historiografia literária brasileira.
No presente artigo, analisamos como a literatura indígena brasileira tem sido continuamente associada à literatura infantojuvenil. A partir do estudo de diversas obras ameríndias, são levantadas múltiplas questões pertinentes ao tema, inclusive no que tange à própria noção de gênero literário, comumente aplicado nos estudos teóricos da área sem grandes reflexões sobre a sua aceitação pelas culturas não ocidentais. Outras características marcadamente presentes nessas publicações são discutidas, tais como as ilustrações e uma temática notável por sua recorrência nessas obras, aqui denominada “metamorfoses ameríndias”. Trata-se de personagens transmorfos, isto é, sujeitos que se metamorfoseiam em animais ou vice-versa. Propomos, por fim, a leitura contextualmente guiada como um caminho mais seguro para a adoção das mesmas em sala de aula.
Neste artigo, objetivamos verificar as condições de surgimento das literaturas indígenas em contexto norte-americano, hispano-americano e brasileiro, em perspectiva comparada, a fim de compreender as interferências coloniais nesses processos. Foram utilizadas abordagens teóricas diversas, a exemplo das pesquisas de Hunt (2002), Fulford (2006), García Canclini (2008), Munduruku (2012), Del Valle Escandante (2013), Viveiros de Castro (2016) e Dorrico et al. (2018). A análise comprovou que, embora condicionadas por mecanismos ocidentais (mercado, público consumidor etc.), as obras indígenas tendem a não se adaptar ao mainstream, o que justifica a necessidade de interpretá-las a partir de seus contextos histórico-culturais.
Lívia Penedo Jacob é Doutoranda em Teoria da Literatura e Literatura Comparada na UERJ (2016-2020). Mestre em Linguística pela PUC Rio com apoio financeiro do CNPQ (2008-2010), tendo pesquisado formação de palavras e teoria lexical. Graduou-se e licenciou-se em Letras Português-Literaturas pela UERJ (2003-2007) quando foi bolsista do Programa de Estudos Galegos (PROEG). Atualmente pesquisa Literatura Contemporânea com ênfase em póscolonialismo e alteridades na literatura indígena e nos autores Bernardo Carvalho e Milton Hatoum. Resumo: Neste artigo, empreenderei uma leitura crítica sobre "Samsa Apaixonado", do escritor japonês Haruki Murakami, conto que se encontra em Homens sem Mulheres, livro homônimo a um título de Ernest Hemingway e cuja contextualização cultural buscarei explicar a partir das conclusões publicadas em The Fantastic in Japanese Modern Literature, de Susan Napier. Em "Samsa Apaixonado", um inseto acorda metamorfoseado em Gregor Samsa durante certa manhã. A intertextualidade explícita com A Metamorfose de Franz Kafka enseja uma série de reflexões sobre as implicações de um texto fantástico construído a partir de referências textuais canônicas da própria ficção fantástica. Procuro explicitar, então, o significado desta meta-metamorfose, correlacionando-a com estudos de Todorov e Roas sobre esse gênero literário e a
Resumo: Após uma década de publicação, o premiado A cidade de Ulisses (2011) confirma a análise de Gomes, para quem “Teolinda Gersão é uma das escritoras que mais tem contribuído para a renovação do romance contemporâneo em Portugal” (GOMES, 1993, p. 82). Nesse artigo, buscaremos analisar a obra a partir dos pressupostos legados por esse teórico, investigando, ainda, a ekphrasis com que Teolinda evoca, nas artes plásticas, o imaginário mítico acerca de Ulisses, suposto fundador da cidade de Lisboa. A fim de compreender a relação que o romance estabelece com as artes visuais contemporâneas, utilizaremos o embasamento teórico de Canclini (2016) e Latour (2009). Interessa, ainda, compreender uma questão central para a construção dessa narrativa: a negação da maternidade e o controle dos corpos femininos pela sociedade ocidental, em consonância com as teorias de Kitzinger (1996), Woolf (1992) e Beauvoir (1970). Por fim, veremos, por meio dessa análise, como a obra de Gersão aponta para a transmutação da realidade em outros mundos possíveis.Palavras-chave: literatura portuguesa; estudos de gênero; ekphrasis; maternidade; Teolinda GersãoAbstract: After a decade, the awarded A Cidade de Ulisses (2011) still confirms Gomes’ analysis, for whom “Teolinda Gersão is one of the writers who has most contributed to renew Portuguese contemporary novel” (GOMES, 1993, p. 82). This article aims at analysing this book based on Gomes’ theory, also investigating how Teolinda Gersão evokes the notion ekphrasis in correspondence with arts and the character of Ulysses, the founder of Lisbon, according to the myth. In order to understand the relationship that the novel establishes with contemporary visual arts, we will use the theoretical basis of Canclini (2016) and Latour (2009). Finally, it is interesting to understand a key issue of this narrative: the denial of motherhood and the control of female bodies by Western society, in dialogue with the assumptions held by Kitzinger (1996), Woolf (1992) and Beauvoir (1970). Finally, this analysis shows how Gersão’s novels demonstrate that the creation of other possible worlds is possible.Keywords: Portuguese literature; gender studies; ekphrasis; motherhood; Teolinda Gersão
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