O Sistema de Saúde Brasileiro sofreu grandes mudanças com a Reforma Sanitária, ocorrida a partir do final da década de 1970. Diversos debates, embates políticos e sociais foram travados, o que resultou na definição do artigo nº 196 da Constituição Federal de 1988 1 . Este determina que a saúde seja um direito de todos e que é dever do estado propor e consolidar meios para a garantia deste direito. O SUS foi instaurado para realizar esta garantia, oferecendo acesso igualitário e universal aos serviços, e operando por meio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde 2 .O SUS é regido por princípios éticos que foram estabelecidos para orientar as ações dos profissionais e usuários. Os princípios visam à integralidade, universalidade e a equidade do serviço. Contudo, apesar dos avanços obtidos na consolidação do sistema e de seus princípios basilares, ainda é perceptível uma atuação fragmentada dos profissionais que o compõem. A integralidade, possivelmente, é o princípio menos visível dentro do sistema. Isso decorre da hegemonia do modelo biomédico presente na formação de seus profissionais. A organização dos currículos das profissões da saúde, juntamente com o plano pedagógico e institucional que orienta a aprendizagem do aluno, tem fomentado uma prática desarticulada, com profissionais despreparados para atuarem em equipes e que dão prioridade aos problemas de saúde individuais sobre os coletivos 3 .Dessa forma, o comprometimento, competência e clareza dos propósitos dos "recursos humanos" são fundamentais para dar concretude à reordenação do sistema e realizar, de certa forma, os anseios propostos a partir da criação do SUS. No entanto, Ceccim et al. 4 apontam que, embora as responsabilidades quanto à formação e desenvolvimento dos recursos humanos para a área da saúde estejam previstas em lei, no art. 200 da Constituição Federal de 1988 1 e nos artigos 6º, 14º e 15º da Lei Orgânica da Saúde 5 , muitas foram as dificuldades para a implantação de uma real integração entre formação profissional e serviços, desde a criação do SUS.Como se pode perceber, a problemática da formação profissional está presente na reforma sanitária desde a sua origem. Nunes, em entrevista a espaço aberto
O artigo aborda a relação entre cultivo atencional e exercícios participativos a partir de uma pesquisa-intervenção em um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), no qual experimentou-se a Estratégia da Gestão Autônoma da Medicação (GAM) em uma oficina com crianças e adolescentes que fazem uso de psicotrópicos. A pesquisa afirma no campo da saúde mental infantojuvenil a importância e potência da criança em dizer de si e participar de seus processos de cuidado, problematizando as formas de objetificação que na atualidade incidem sobre os corpos infantis. Inspirando-se nos trabalhos de Yves Citton e Daniel Stern, destaca o exercício da atenção conjunta, em seus movimentos de co-presença, sintonização e improvisação, além da tendência pluralista, como processos imprescindíveis para uma via inclusiva das crianças como participantes legítimos. A principal indicação evidenciada é que o cultivo atencional - atenção aos outros, a nós e ao que se passa entre nós - é uma via de exercício da participação.
Resumo Este artigo visa apresentar os resultados de uma pesquisa sobre o uso de objetos no tratamento psicanalítico do autismo, que envolveu a realização de um atendimento em grupo de crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista em uma instituição pública de saúde mental. O registro audiovisual dos atendimentos mostrou-se um componente indispensável desta abordagem, em especial nas reuniões com os pais e nas supervisões, convidando a uma reflexão acerca de seu estatuto. A questão da constituição subjetiva e o problema do diagnóstico na infância permearam as discussões aqui propostas.
Resumo Este artigo visa apresentar algumas contribuições de uma pesquisa-intervenção situada no campo saúde mental infanto-juvenil brasileira baseada na estratégia da Gestão Autônoma da Medicação (GAM). Apesar dos avanços obtidos na Reforma Psiquiátrica, a gestão da medicação é ainda um ponto nevrálgico em nosso país. As experiências vividas pelos usuários de psicotrópicos e seus familiares raramente são consideradas um saber legítimo em relação ao tratamento, e, quando esses usuários são crianças, a problemática se torna ainda mais complexa. Além dos engessamentos e barreiras impostas pela produção do diagnóstico de transtorno mental, lidamos com uma delimitação da concepção de infância na modernidade que, por um lado, produz relações de atenção e proteção consideradas necessárias para o desenvolvimento das crianças, e, por outro, acabaram gerando impossibilidades e limites à participação infantil em seus processos de cuidado. Esta pesquisa, portanto, objetivou exercitar a participação infantil no contexto da saúde mental infanto-juvenil brasileira por meio da proposição de um grupo GAM no Centro de Atenção Psicossocial de Vitória-ES. O grupo ocorreu semanalmente, durando cerca de uma hora e meia. Participaram, além dos pesquisadores, 21 familiares de crianças e profissionais do serviço. Para delimitação deste artigo, optou-se por narrar de forma mais aprofundada a experiência de uma das mães do grupo e seu filho, de modo a acessar os paradoxos e ambiguidades vividos em torno do uso do medicamento e os efeitos da abertura à experiência de participação infantil neste processo.
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