Resumo Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa realizada na unidade prisional materno-infantil do Estado de Minas Gerais. Com o objetivo de tratar das impressões que as mulheres presas no Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade (CRGPL) têm acerca dos cuidados de saúde ofertados pela instituição, foram analisados os dados processados a partir da realização de entrevistas semiestruturadas e da aplicação de questionários estruturados. A pesquisa ocorreu no ano de 2017, e a análise proposta neste estudo é guiada pela compreensão do conceito de saúde a partir do tripé “social, psicológico e assistência ao cuidado com a saúde”, na perspectiva das representações sociais. Como resultado, tem-se uma avaliação em certa medida positiva dos cuidados de saúde na perspectiva das gestantes e recém-mães do Centro, e isso é muito marcado, segundo os relatos, pelas experiências prisionais anteriores das entrevistadas. Por outro lado, alguns problemas enfrentados no CRGPL foram levantados pelas internas, e descritos como fonte de diversos sofrimentos.
RESUMOUma das questões teóricas mais importantes do debate islâmico de direitos humanos é a relação entre secularismo e direitos do homem, e a questão empírica correlata: a aplicação da xaria. Trata-se do que Enzo Pace chamou de déficit estrutural de legitimação no Islã, referindo-se às características originárias, particularmente à fusão entre as dimensões religiosa e política, como desafio à adesão ao sistema de direitos humanos da ONU. Nessa perspectiva, o presente artigo analisa documentos sobre direitos humanos produzidos no mundo muçulmano, dando maior importância àqueles produzidos em ambiente intergovernamental, uma vez que refletem as preocupações e os esforços desses governos em se inserirem na discussão dos direitos humanos.Palavras-chave: Direitos humanos. Documentos. Islã. Xaria.
Este ensaio propõe-se a discutir a pobreza vista através do cinema, todavia, mais que a pobreza econômica, tem-se em cena a pobreza cultural associada ao consumo da cultura de mercado que, através das mídias instituem pensamentos e comportamentos. Saneamento básico, o filme aponta as disparidades da apropriação da cultura, sugerindo que certas informações descontextualizadas podem gerar usos inúteis, incongruentes e risíveis. Espremidos entre o velho e o novo, observa-se que as relações da velha comunidade convivem com os aspectos que são típicos da modernidade, como os avanços tecnológicos, as referências da cultura de massa e as novas e xigências sanitárias, questão que provocará o “aparecimento” de um filme dentro do filme, isto é, da obra cinematográfica intitulada O monstro do Fosso. Tem-se, nesse contexto, aspectos marcantes da tecnologia moderna convivendo com elementos fortes de uma tradição tipicamente interiorana. Mais que os desafios surgidos a partir das descobertas do fazer cinematográfico, é evidente a miséria cultural como a própria analogia sugerida pelo nome do filme: o problema em questão é mesmo estrutural.
Este ensaio analisa o filme Yasmin (2004) a partir da trajetória da personagem que dá nome à diegése. Sua narrativa tem por temática a inserção de imigrantes paquistaneses muçulmanos alocados na Inglaterra do início do século XXI, que são diretamente afetados pelas reverberações do ataque terrorista às Torres Gêmeas de Nova Iorque. Tratando da dificuldade de adaptação desses imigrantes por razões de identidade cultural, assim como por sua condição sócio-econômica na sociedade inglesa, o narrador sugere relações sociais que, senão problemáticas, parecem ser estabelecidas de forma frágil entre o “eu” inglês e o “outro” paquistanês: o que é evidenciado após o “11 de setembro de 2001”.
Duas semanas antes da realização das eleições constituintes da Tunísia, em 07 de outubro de 2011, um canal privado de televisão projetou o filme de animação Persépolis, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, em dialeto tunisiano. Dois dias depois, cerca de 200 manifestantes salafistas marcharam em direção à sede da TV, em Tunis, armados com paus e pedras e dispostos a destruí-la contra o que definiram como profunda ofensa religiosa. Esse grupo, minoria radical islâmica na Tunísia, acusava o filme de blasfêmia por conter imagens em que há a representação de Deus, o que é rigorosamente proibido pela religião. A partir desse episódio, os protestos se alargaram por todo o país, inclusive nas universidades, provocando preocupação na Europa em relação ao caráter das transformações que pareciam vir no rastro da chamada Primavera Árabe. Como consequência, o diretor desta rede de TV, Nabil Karoui, foi denunciado sob 250Lua Nova, São Paulo, 89: 2013 A profetisa que amava Bruce Lee: Oriente e Ocidente na perspectiva de Persépolis a acusação de "violar valores sagrados e perturbar a ordem pública" e o seu julgamento motivou um acirrado debate entre grupos muçulmanos moderados e conservadores na Tunísia, evidenciando o caráter das forças políticas em disputa. As principais questões em causa: os princípios fundamentais do Islã, a liberdade de expressão e a inclusão ou não da sharia 1 no texto da nova Constituição.O julgamento de Nabil Karoui ocorreu em 19 de abril de 2012, com forte presença militar separando os dois grupos manifestantes: de um lado, uma parcela da população muçulmana moderada e secularista e, de outro, a islâmica conservadora. A sentença do tribunal parece ter ficado a meio caminho, ou encontrado um meio termo: o diretor da TV foi multado em 2,4 mil dinares tunisianos (o que corresponde a 1,5 mil dólares) por transmitir um filme que "perturba a ordem pública e ameaça a moral adequada". Outros dois funcionários, Nadia Jamal, chefe da organização que trabalhou na dublagem do filme para dialeto tunisiano, e Alhadi Boughanim, responsável por programas de monitoração da estação televisiva, foram condenados a pagar a metade do referido valor à justiça. No entanto, a acusação mais grave, de "violar valores sagrados", foi descartada. Ainda assim, a condenação sob a justificativa de causar problemas à ordem pública e ofensa aos bons costumes em razão da exibição de uma obra como Persépolis parecem indicar algo sobre os rumos da nova ordem que aguarda o povo tunisiano que, há pouco mais de um ano, ocupava as ruas de Tunis em nome da liberdade.Esta não foi a primeira vez que Persépolis foi contestado por fundamentalistas islâmicos. Quando foi escolhido para a Mostra de Cannes de 2007, o governo iraniano enviou uma nota de repúdio à sua exibição e, desde então, 1 Lei islâmica que tem como referência a norma fundamental que se considera revelada por Deus, cujas fontes principais são o Alcorão (e por isso também chamada leis corânicas) e a coletânea dos Ditos e Atos do Profeta Maomé, a Sunna. 251Lua Nova, São Paulo,...
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