A abordagem morfoestrutural do relevo pode ser definida em diversas escalas levando em consideração aspectos variados da morfogênese. Nesse sentido, este trabalho procura enfatizar a importância dos componentes endógenos sobre a morfogênese da principal unidade do relevo nordestino brasileiro, o Planalto da Borborema. O enfoque morfoestrutural utilizado buscou reconstituir a influência dos mecanismos endógenos atuantes sobre a hierarquização regional dos compartimentos do relevo. A partir dos dados integrados da revisão da literatura, juntamente com o cruzamento em meio digital do mapa geológico com o modelo digital de elevação, acrescido de transectos topográficos, foi possível estabelecer um modelo conceitual para a compartimentação morfoestrutural do Planalto da Borborema, a partir do qual se postulou a divisão do planalto em oito sub--compartimentos morfoestruturais distintos. A partir da compartimentação do planalto o papel dos controles estrutural e litológico foi destacado por meio da elaboração de perfis topográficos que permitiram uma melhor interpretação de cada compartimento e seus elementos definidores. O Planalto da Borborema corresponde ao conjunto de terras altas contínuas que se distribuem ao longo da fachada do Nordeste oriental do Brasil, ao norte do rio São Francisco, acima da cota de 200 metros, cujos limites são marcados por uma série de desnivelamentos topográficos, cuja gênese epirogênica está ligada ao desmantelamento de Gondwana e ao magmatismo intraplaca atuante ao longo do Cenozóico. Do ponto de vista metodológico, a identificação de três níveis hierárquicos de compartimentos morfoestruturais, a saber, o macrodomo correspondente à Província Borborema incluindo suas bacias fanerozóicas, o planalto stricto sensu e seus compartimentos, coloca em dúvida a validade de alguns dos modelos clássicos de taxonomia das formas de relevo, que atribuem apenas um nível categórico para as unidades morfoestruturais supracitadas.Palavras-chave: megageomorfologia, morfoestrutura, Planalto da Borborema, Nordeste do Brasil. ABSTRACTThe morphostructural approach to landforms can be defined in several scales, taking into account different aspects of morphogenesis. In this regard, this work aims to emphasize the role of endogenous components in the morphogenesis of the main landform of Brazil's Northeastern bulge, the Borborema Plateau. The morphostructural approach was adopted in this study seeking to reconstruct the influence of endogenous mechanisms on the regional hierarchy of landform units. Based on the specialized literature, and on the cross-analysis, in digital format, of regional geological map, digital elevation models and topographic transects, it was possible to develop a conceptual model for the morphostructural subdivision of the Borborema Plateau into eight distinct units. Following the mapping of the Borborema Plateau units, the role of structural and lithological controls was highlighted based on topographic transects, which enabled a better understanding of each unit and their defining elem...
ResumoO conhecimento integrado das paisagens do semiárido brasileiro encontra abrigo na literatura geográfica pelo menos desde o início do século 20. Contudo, há necessidade de precisar os limites das unidades e ampliar a informação acerca da organização natural das paisagens. Este trabalho teve como objetivo identificar aspectos da estrutura dos geossistemas do semiárido brasileiro. Para tanto, foi confeccionada uma carta de paisagens utilizando ferramentas de geoprocessamento e trabalhos de campo. Os resultados foram correlacionados com propostas já existentes e modelos taxonômicos nacionais e internacionais. Ficou evidente a necessidade de levantamentos sistemáticos dos limites dos geossistemas transicionais e de enclaves, bem como o acréscimo de informações dos geossistemas locais. Palavras-chave:Paisagens naturais, Geossistemas, Semiárido Brasileiro. AbstractThe knowledge of the Brazilian semi-arid landscapes finds shelter in the geographical literature at least since the early 20th century. However, there is a need to clarify the limits of units and expand information about the natural organization of the landscapes. This study aimed to identify general aspects of the structure of semiarid geosystems of Brazil. A landscape map was prepared using geoprocessing and field data. Results were correlated with existing proposals and several landscape taxonomic models. The need for systematic surveys of the limits of the transitional geosystems and enclaves, as well as the additional information of local geosystems was evident.Keywords: Natural landscapes, Geosystems, Brazilian semiarid. INTRODUÇÃOEm geografia física, o desenvolvimento de perspectivas integradas para o estudo das paisagens pode encontrar abrigo em Humboldt, quando o mesmo afirma que o objetivo último da geografia física é o de reconhecer a unidade na vasta diversidade de fenômenos (HUMBOLDT, 1858, p.43).Contudo, apenas após o desenvolvimento das fotografias aéreas e da popularização da teoria dos sistemas (BERTALANFFY, 1950), é que os estudos sistemáticos e integrados da paisagem ganharam corpo. Isto acontece principalmente em função do contexto de exploração da potencialidade e limitações de uso do território, como nas colônias inglesas na África (BOURNE, 1931) ou nos territórios da Austrália (CHRISTIAN, STEWART, 1953) e da Rússia (SOLNETCEV, 2006).
O recurso da experiência paisagística tem sido uma ferramenta de educação geográfica há muito tempo, sendo a aula de campo uma expressão comum deste tipo de abordagem. A aula de campo tem o mérito de contextualizar o conteúdo, tornando-o mais acessível aos estudantes. Este trabalho teve por objetivo construir uma base de informações que pudesse subsidiar a realização de oficinas de leitura da paisagem no Sertão do Submédio São Francisco, mais especificamente na comunidade do Serrote, município de Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco. A comunidade recebe esse nome em função de uma elevação local denominada Monte Carmelo. Inicialmente foi realizada uma cartografia detalhada das unidades de paisagem. Em seguida, cada uma destas unidades foi avaliada considerando seu potencial turístico-pedagógico. Posteriormente, foi planejada e executada uma oficina de leitura da paisagem com 12 estudantes do 6° ano do ensino fundamental, abordando a diversidade paisagística e os elementos que compõem as paisagens locais. Do ponto de vista geoecológico, o Monte Carmelo, consiste num bloco falhado à margem do Rio São Francisco e, ao nível de fácies, apresenta 10 unidades diferentes. Estas manifestam diferentes potenciais e limitações ao uso para fins turístico-pedagógicos. Para a oficina proposta, duas unidades foram desconsideradas pelo risco à integridade física dos estudantes, as demais foram objeto de trilhas interpretativas para leitura da paisagem. A experiência é relatada. Conclui-se que os mapas constituíram uma base importante para a tomada de decisão quanto aos pontos a serem visitados durante a oficina por fornecerem uma visão de conjunto do arranjo espacial das paisagens.
ResumoA geografia brasileira tem dispensado atenção especial à ideia de geossistemas, considerada base teórica e metodológica inspirada em trabalhos de geógrafos estrangeiros, sobretudo franceses e soviéticos. Este trabalho analisa aspectos conceituais e terminológicos da teoria dos geossistemas visando uma melhor compreensão de seu significado e aplicação. Para tanto, diversas interpretações sobre os geossistemas foram avaliadas, tendo por critério a biografia dos autores, as suas referências e ferramentas interpretativas disponí-veis, bem como seus pressupostos. O trabalho permite compreender que o horizonte epistemológico alcança-do pela teoria dos geossistemas permitiu integrar diferentes perspectivas para o estudo de áreas naturais. Não obstante, a teoria em questão ainda apresenta certa dificuldade de interpretação e aceitação no Brasil por vários motivos.Palavras-chave: geografia física; geossistemas; geografia brasileira. AbstractBrazilian geography has paid special attention to geosystems as a theoretical and methodological base inspired by foreign geographers, moreover French and Soviet former. This paper deals with the question of geosystems use in Brazilian geography evaluating this understanding and application. The results allow us to understand the epistemological horizon reached by the theory of geosystems to integrate different perspectives to the study of natural areas. Notwithstanding, the theory in question still has some difficulty in interpretation and acceptance in Brazil for several reasons.Key words: physical geography; geosystems; Brazilian geography. ssim como em outros países, o Brasil também assistiu, e tem assistido, ao desenvolvimento da ideia de áreas naturais como produto das relações entre os componentes da natureza na superfície terrestre. Esta ideia pós-iluminista foi incorporada às agendas das instituições de ensino e pesquisa, assumindo conotações e objetivos distintos e, materializando-se na forma de termos também diferentes como regiões naturais, ecorregiões, unidades geoambientais, geossistemas, entre tantos outros (CAVALCANTI & CORRÊA, 2014).Entre os geógrafos brasileiros, o termo geossistema passou a figurar constantemente como aplicação da teoria dos sistemas ao estudo de áreas naturais. Pesquisadores renomados da ciên-cia geográfica de nosso país não se eximiram de tecer suas considerações sobre os geossistemas e/ou a teoria geossistêmica e sua aplicabilidade à compartimentação e estudo da dinâmica e evolução das paisagens do Brasil, destacando-se os nomes de Antonio Christofoletti, Aziz Nacib Ab'Sáber, Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro e Helmut Troppmair.Muitos dos artigos publicados por estes autores encontram na epígrafe 'geossistema', uma A
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