A educação do campo, enquanto política pública conquistada pelos movimentos sociais, tem intensificado no seio do Estado as disputas por uma educação autoemacipadora com as classes populares do campo.
Fechar escolas do campo é um cenário que tem se consolidado em muitos Estados do Brasil, impondo às comunidades campesinas o apagamento do campo como lugar de reprodução da vida e de existência. No Noroeste Fluminense, as escolas do campo seguem a mesma trajetória de outras realidades brasileiras; ou seja, vítimas das práticas de fechamento, enquanto injustiças arquitetadas em argumentos economicistas. Porém, com a implementação da Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo (LEdoC) da Universidade Federal Fluminense (UFF) na cidade de Santo Antônio de Pádua – Rio de Janeiro – uma série de movimentos populares confrontam a realidade de esvaziamento do campo. Nesse sentido, este artigo, com enfoque metodológico da pesquisa-ação, tem como objetivo descrever o caminho que estudantes da LEdoC da UFF e a comunidade de Santo Antônio de Pádua construíram, no âmbito da Pedagogia da Alternância, em defesa das escolas do campo, no período de 2015 a 2019. Os principais resultados destacam a importância da pesquisa-ação no fortalecimento das demandas locais e no processo de denúncia da retirada de direitos educativos das populações do campo. Ademais, os resultados sinalizam que os movimentos sociais populares fortalecem a formação de educadores do campo como política pública de reparação e de questionamento das situações de opressão, dentro e fora das instituições educativas.
The year of 2020 is the milestone of a decade since the implementation of the Rural Education Policy, also known as Procampo, which was enacted through Decree n. 7.352, from November 4, 2010. This policy, as victory of social movements, is changing university spacetimes, territorialities and the daily lives of rural communities. Therefore, it summarizes the counter-hegemonic struggle for different educational rights, for the emancipation of teaching practices and for schools and communities’ autonomy. Based on such elements, the aim of the present article is to present autobiographical narratives according to which students and teachers rescue different decolonial movements observed in academic training as the very outcome of experiences built on Interdisciplinary Degree in Rural Education at Fluminense Federal University (UFF). The narratives highlight that Rural Education breaks up with the Eurocentric view of knowledge in order to acknowledge the richness of different knowledge fields, identities, and students’ historical and epistemic place with a colonial scene that denies differences to the detriment of submission practices. In order to face such reality, the narratives point out that the Rural Education proposes decolonial movements – as prevailing feature in teachers’ training – focused on coping with, as well as on resisting and repairing historical violence imposed by the coloniality.
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