ResumoGrupos humanos dispersaram-se pelo continente asiático em direção ao leste siberiano até penetrarem a América pela atual região do Estreito de Bering. A partir de então, a espécie humana passou a coexistir e interagir com uma fauna até então desconhecida, a qual incluía os megamamíferos quaternários. Porém, apenas trabalhos pontuais relatando as interações entre humanos pré-históricos e megamamíferos quaternários têm sido realizados para a América do Sul. Este trabalho apresenta um levantamento bibliográfico de sítios paleontológicos-arqueológicos que possuem evidências específicas desse tipo de interação na América do Sul, além de discutir as características gerais de cada um. Foram encontrados registros de interação homem-megafauna na Argentina, Brasil, Venezuela e Uruguai. Em complemento, também foi possível padronizar os tipos de marcas encontradas nos materiais estudados previamente, mas que não apresentavam descrição formal utilizando terminologias zooarqueológicas. Essa interação homem-megafauna se dá pela presença de marcas de corte nos ossos e se apresentam em quatro tipos principais (serragem e fatiamento, raspagem, entalhamento e percussão dinâmica). Na América do Sul, espécies de preguiças gigantes e mastodontes mostram-se as preferidas pelos seres humanos. As marcas estão geograficamente bem distribuídas e não aparentam preferência por táxon, o que torna impossível determinar um padrão entre o tipo de marca, a localização geográfica e o táxon. Isso pode indicar que o tipo de corte e os danos causados são atribuídos de forma independente, além da possibilidade de que diferentes movimentos fossem usados com finalidades distintas. A escassez de casos de "massacres" depreende que a caça da megafauna era um evento oportunista, contrapondo-se à hipótese de exploração em massa. As datações obtidas não são coerentes com o modelo atual de migração humana inicial -a qual teria se dado por um único pulso migratório através do Estreito de Bering -, mas corroboram a hipótese de meios mais complexos de migração. As idades dos depósitos também sugerem que o ser humano conviveu com a megafauna quaternária por milênios antes da sua extinção no Pleistoceno Final-Holoceno inicial.
AbstractHuman groups spread out over the Asia toward the eastern Siberia until to reach the Americas crossing the Bering Strait. From then on, humans began to coexist with the American Quaternary Megafauna. All researches performed involving human-megafauna interactions so far are parochial and have only revealed punctual occurrences. Compilations and discussions of the incidence of interactions between pre-historic humans and Quaternary megamammals have not been conducted for South America. This paper presents a compilation of paleontological-archeological sites with evidence of pre-historic human-megafauna interaction in South America and discusses their general characteristics in order to generate an overview of these cases and develop a mapping of already acquired information. In addition, we standardize the types of marks found in ...
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