É inerente aos seres humanos terem pontos de vista diferentes, outrossim, a divergência entre eles é constitutivo de qualquer sociedade democrática, mas deve sê-lo também a habilitação dos cidadãos para saberem negociar as distâncias, defenderem, por assim dizer, suas proposições sem precisarem lançar mão da coerção e da violência. Portanto, faz-se necessária certa educação para a divergência, para o convívio com a pluralidade dos valores e das diferenças, sobretudo, aprender a avaliar criticamente as convicções sedimentadas e os valores que as constituem. Nesse sentido, as teorias retóricas, como a Nova Retórica de Perelman e Olbrechts-Tyteca ([1958] 2005) e a Problematologia de Michel Meyer (1991), contribuem efetivamente para pensarmos a democracia nas suas diferentes esferas, sobremaneira, no diz que respeito à liberdade da discussão em torno de temas polêmicos e de interesse coletivo. Sendo que muitos assuntos categoricamente controversos, tantas vezes, assumem formatos que se enquadram num molde do dilema, ou mesmo, que esse modelo pode ser utilizado não apenas para argumentar, todavia para fazer refletir as temáticas. Diante disso, propomos, em diálogo com o filósofo Michael Sandel (2013), a aplicabilidade desse molde quase lógico como dispositivo argumentativo-analítico-educativo e problematológico, destarte, como mecanismo tanto que põe em questão os valores aos quais estamos agarrados, bem como auxilia no processo argumentativo. Para tanto, fazemos um percurso teórico e procedemos ao apontamento de algumas possibilidades de aplicação, de igual modo, a análise de textos opinativos do domínio da política sob a ótica da noção supramencionada.
Through an unpublished experiment on eye-tracking, we highlight the syncretic multimodality reading as the object of study, specifically the polysemy as a semantic phenomenon of visual perception as a general objective. In a situation of reading digital photography from Brazilian magazine magazines (G Magazine), eye movements were constructed reading paths, with effects of (dis)order of the image and senses of the look (reading gestures). These pathways are results (gaze plot, heat map and pairwise comparisons) of Brazilian university readers. The rationale for choosing specific group data (heterosexual men) is based on the average yes response to the question Is there nudity in the image? (found on the last slide of the experiment). The no responses were from the other five participating groups (homosexual men, bisexual men, homosexual women, bisexual women, heterosexual women). The justification is also given by the heat map and ‘p’ value of this group heterosexual men indicate pairwise comparisons, in relation to the areas of interest: right model underwear, drag queen’s face-wig-bust, Dicesar’s face, drag sandal queen, right model face. The proposal of analysis shares theoretical knowledge by adopting for analysis the dimensions of the various facets of the construct (construction of meaning, Ferrari, 2016, Ferrari et al., 2017) and the semantic-discursive relationship (Pêcheux, 1982, 1983, 2000, 2001, 2011, 2013, 2018) in visual perception of reading digital photograph of advertising cover, in May 2010 issue, of an erotic magazine. The article invests on the metaphorical extensions resulting and dependent on the construction of movement caused, whose construction depends on the existence of polychromy in digital photography, which allows the drive to correspond in the consequent ocular movement, occurrence by the desire of the change of visual direction. This plot has its correspondence in the interpretation that ensures the elaboration of the answer yes or no before the question proposed in the imagery reading experiment.---------------------------------------------------------------------------SINTAXE IMAGÉTICA, POLICROMIA E EXTENSÃO METAFÓRICA EM UMA FOTOGRAFIA NA REVISTA G MAGAZINE: UM ESTUDO EXPERIMENTAL DE LEITURA USANDO RASTREAMENTO OCULARPor meio de um experimento inédito sobre leitura de imagem por rastreamento ocular (eye-tracking), destacamos a leitura de multimodalidade sincrética como objeto de estudo, especificamente a polissemia como fenômeno semântico de percepção visual como objetivo geral. Em situação de leitura de fotografia digital de revista publicitária brasileira (G Magazine), movimentos oculares realizados construíram percursos de leitura, com efeitos de (des)ordem da imagem e sentidos do olhar (gestos de leitura). Esses percursos são resultados (gaze plot, heat map e pairwise comparisons) de leitores universitários brasileiros. A justificativa de escolha de tais dados de grupo específico (homens heterossexuais) se baseia pela média de resposta sim, em relação à pergunta Há nudez na imagem? (que se encontrava no último slide do experimento), se apresentar diferente da média das respostas não dos demais cinco grupos participantes (homens homossexuais, homens bissexuais, mulheres homossexuais, mulheres bissexuais, mulheres heterossexuais) e pelo heat map e valor de p desse grupo homens heterossexuais indicar pairwise comparisons, em relação às áreas de interesse: cueca do modelo direito, rosto-peruca-busto da drag queen, rosto do Dicesar, sandália da drag queen, rosto do modelo direito. A proposta de análise compartilha conhecimentos teóricos ao adotar para análise as dimensões das várias facetas do construal (construção do significado, Ferrari, 2016; Ferrari et al., 2017) e a relação semântico-discursiva (Pêcheux, 1982, 1983, 1984; Souza, 2000, 2001, 2011, 2013, 2018) em percepção visual de leitura de fotografia digital de capa publicitária, em edição de maio de 2010, de uma revista de erotismo. O artigo investe sobre as extensões metafóricas resultantes e dependentes da construção de movimento causado, cuja construção depende da existência da policromia na fotografia digital, que permite a pulsão corresponder no consequente movimento ocular, impulsionado pelo desejo da mudança de direção visual. Essa trama tem sua correspondência na interpretação que assegura a elaboração da resposta sim ou não diante da questão proposta no experimento de leitura imagética.---Original em inglês.
Este trabalho está filiado à Análise de Discurso e aos autores Pêcheux, Foucault e Courtine. “Quem quiser vir ao Brasil fazer sexo com mulher, fique à vontade” e “Não podemos ser país do mundo gay, temos família”, afirmações de Jair Messias Bolsonaro, durante café da manhã com jornalistas, em 25 de abril de 2019, em Brasília, são enunciados de nossas análises. Argumentamos em relação à expressão fique à vontade que abre fissuras na imagem da mulher brasileira e a simboliza ao turismo sexual do país. A expressão traz a liberdade ao homem turista heterossexual como política de sentido para o turismo sexual e a negação para a sexualidade do homem homossexual, como exclusão sexista e afirmação homofóbica. O discurso de Bolsonaro corrobora com a imagem de Brasil turístico na publicidade da EMBRATUR 2019. Com isso, passamos a observar marcas de regularidade do verbal (“X” está à disposição dos turistas. “Y”, não.) em algumas peças publicitárias que constroem percursos de leitura pelo funcionamento da formação discursiva, da memória discursiva e de lugares de memória, que veiculam um Brasil destino turístico pelas atrações turísticas e não pelo sexo e pela homofobia. Desse modo, o imaginário presidencial atual sobre o turismo brasileiro é por meio de exploração do corpo da mulher brasileira e de negação da homossexualidade.
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