O êxito de uma política de vacinação depende, não apenas, de insumos materiais, mas também do endosso da população às campanhas. No Brasil, isso parece ser dificultado por conta de uma polarização política e da desinformação. Atento a isso, a presente pesquisa teve como objetivo investigar o efeito mediador das crenças conspiratórias sobre a pandemia e das informações oficiais na relação entre orientação política e a intenção de se vacinar contra COVID-19. A amostra foi composta por 325 participantes que responderam a medidas sobre crenças conspiratórias, informações oficiais, intenção de vacinação, orientação política e, por fim, o questionário sociodemográfico. Os resultados evidenciaram que as crenças conspiratórias sobre a pandemia e as informações oficiais exerceram efeitos de mediação na relação entre a orientação política e a intenção de se vacinar. Conclui-se que as crenças conspiratórias e a polarização política têm se configurado como um problema para a saúde pública no Brasil, e que podem atrapalhar o endosso a campanhas de vacinação.
O enfrentamento da pandemia da COVID-19 é um desafio global, sendo o isolamento social uma das principais formas de prevenção do contágio. No Brasil, no entanto, a discussão sobre o isolamento tem se inserido na arena política de um contexto já polarizado. Nesse âmbito, a presente pesquisa buscou investigar o papel exercido pela moralidade e pelas Fake News na relação entre posições políticas e atitude frente ao isolamento social. Participaram da pesquisa 147 pessoas, que indicaram suas posições políticas e responderam a medidas de isolamento social, Fake News e moralidade. Os resultados indicaram que a posição política exerceu uma influência direta no isolamento social, independente da crença em Fake News e dos índices de moralidade. Conclui-se que a polarização política do país parece estar se transformando em um problema de saúde pública durante a pandemia.
O governo federal, durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro, optou por implementar o modelo cívico militar em escolas brasileiras, dividindo opiniões da população. Parte do argumento em defesa deste modelo se assenta na justificativa de que o Brasil apresenta índices ruins na educação ao assumir as posições de 57ª, 66ª e 70ª para leitura, ciências e matemática, respectivamente, entre 79 países avaliados no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes de 2018. Além disso, é comum o argumento que valores como patriotismo e civismo seriam fundamentais para o desenvolvimento do cidadão e para a disciplina, o que teria uma relação direta com o desempenho escolar. Por outro lado, quem se opõe à proposta, tende a argumentar que o modelo diminui a liberdade de professores e alunos, inviabilizando uma educação crítica e transformadora. A despeito das justificativas apresentadas pelos defensores e opositores do modelo, buscando compreender fatores psicossociais que interferem na posição das pessoas frente a essa proposta, a presente pesquisa teve como objetivo investigar a influência dos fundamentos morais e das crenças em mundo perigoso na favorabilidade em relação à militarização das escolas públicas. Participaram da pesquisa 256 pessoas que responderam ao questionário de fundamentos morais, à escala de crenças no mundo perigoso e a uma medida de favorabilidade à militarização. Verificou-se que uma moral conservadora (tendência coesiva) contribuiu com o apoio à militarização, sendo este efeito parcialmente mediado pela percepção de perigos social. Em conjunto, os resultados evidenciam a importância da compreensão da moralidade e da percepção de perigo social para o entendimento do posicionamento frente à militarização.
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