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EDITORIAL EDITORIAL"Da perspectiva da Saúde Coletiva, como podemos contribuir com práticas e formas de comunicar e avaliar a produção científica que possibilitem um diálogo mais plural, inclusivo e integrador?". Essa foi a indagação feita por Viviana Martinovich, Editora Executiva da revista Salud Colectiva (Argentina), para orientar a roda de conversa com editores de periódicos do campo, no âmbito do 13 o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). A questão nos faz refletir sobre quatro temas e processos inter-relacionados, com implicações e desafios significativos para as revistas científicas: produção do conhecimento, democratização da ciência, divulgação científica e avaliação da produção científica.A produção do conhecimento envolve a capacidade de produzir respostas para as necessidades sociais decorrentes das mudanças do mundo atual. Essas transformações vão desde as de ordem demográfica e epidemiológica até as tecnológicas e informacionais, relacionadas ao seu uso no trabalho, na pesquisa, no ensino, no cuidado à saúde e nas estratégias de comunicação e informação. Além disso, abordam os fenômenos climáticos e ambientais decorrentes da atividade humana sobre os ecossistemas do planeta, gerando degradação e aumento dos riscos nos espaços urbanos e rurais. As modificações nas estruturas de produção, com flexibilização, informalidade e precarização do trabalho, são determinantes fundamentais desses processos e envolvem a concentração da riqueza, a financeirização da economia e a emergência de novos grupos e interesses privados que atuam na saúde. É evidente o efeito dessas transformações no agravamento das desigualdades sociais -diferenças de classe, gênero, raça, etnia, moradia e acessibilidade -que pioram as condições de vida e saúde.As mudanças afetam de modo desigual os países, as populações, os sistemas e serviços de saúde, provocando instabilidade e crises recorrentes e de múltiplas dimensões. O contexto reforça a importância da radicalização das perspectivas crítica e multidisciplinar, que estão na própria origem do campo da Saúde Coletiva 1 . A compreensão de fenômenos complexos como aqueles que se verificam na saúde exige esforços de colaboração e articulação de diferentes saberes e perspectivas, que perpassam as áreas e subáreas do campo e devem se expressar nas pesquisas e publicações científicas. Nesse sentido, destaca-se a importância da abertura de espaços nas revistas que incentivem o diálogo e a variedade de abordagens,