Neste artigo apresentamos um estudo de revisão bibliográfica a partir de artigos brasileiros da área de Educação em Ciências que empregam o construto de Práticas Epistêmicas (PEs). O corpus constitui-se de dezoito artigos de periódicos classificados como Qualis A1 ou A2, publicados entre 2008 e 2021. Foram analisados os focos temáticos das pesquisas, as definições de PEs presentes, o diálogo com a obra de Gregory Kelly e as metodologias utilizadas. Os resultados evidenciam que: i) o construto tem sido explorado com mais frequência em pesquisas sobre o Ensino de Ciências por Investigação; ii) além das definições de PEs, a maioria dos artigos nacionais faz uso de outras ideias concebidas e apoiadas por Kelly; iii) o aspecto mais comum é que a construção do conhecimento científico no interior de uma comunidade envolve proposição, comunicação, avaliação e legitimação, e que a promoção do engajamento em PEs deve figurar dentre os objetivos didáticos de aulas de ciências; iv) a produção analisada não compartilha referenciais teórico-metodológicos que orientaram os trabalhos de Kelly sobre PEs, como a Etnografia Interacional. Argumentamos que as PEs têm o potencial de contribuir para avanços das discussões no campo da Educação em Ciências no Brasil no sentido de delimitar os pressupostos de teorias e de estudos empíricos, assim como indicar novas direções de pesquisa e agregar novos membros à comunidade produtora de conhecimento.