Elementos maiores e traços de rochas carbonáticas neoproterozóicas da Formação Sete Lagoas aflorantes na região englobando a Área de Proteção ambiental do Carste Lagoa Santa, a norte de Belo Horizonte, foram analisados para obter informações sobre as condições paleoambientais de deposição. A base Formação Sete Lagoas é representada pelo Membro Pedro Leopoldo de composição pelito-carbonática, caracterizado por teores variados de Ca (14,6-39,4%) e Si (0,23-20,12%) e baixo conteúdo de Mg (0,05-1,98%) e Al (0,08-3,9%). Os teores de Th, U e Zr são elevados e os padrões de ETR+Y são caracterizados por leve enriquecimento de ETR pesados, anomalias positivas de La e negativas de Ce. O Membro Pedro Leopoldo é sobreposto pelas rochas carbonáticas mais puras e escuras do Lagoa Santa. Estes mármores mostram altas concentrações de Ca (38,6 a 40,5%) e mais baixos teores de Si (0,02-1%), de Mg (0,08-0,23%) e de Al (0,01-0,27%). São caracterizados por concentrações mais baixas de Th, U e Zr relativamente à sequência inferior, anomalias negativas de La e positivas de Ce e Y, e por ampla variação do fracionamento de ETR leves e pesados. As características petrográficas e geoquímicas sugerem que a sedimentação começou em ambiente marinho, sob águas profundas, anóxicas e com marcada contribuição terrígena. As características químicas do Membro Lagoa Santa indicam que neste período o ambiente de deposição mudou, evoluindo para mais proximal e óxico.
A área de estudo abarca a totalidade da região denominada de APA Carste de Lagoa Santa e seus entornos, totalizando 505 km² e distando 35 km a norte de Belo Horizonte. A área tem sido alvo de vários empreendimentos que preveem um aumento pela exploração e consumo de água. Diante deste crescimento e da fragilidade do sistema cárstico, torna-se de fundamental importância o entendimento dos parâmetros hidrodinâmicos de forma a conhecer as características desse sistema aquífero. Geologicamente, a região é representada pelas rochas carbonáticas e metapelíticas do Grupo Bambuí, em um contexto local de intensa deformação rúptil, que regem o sentido de fluxo da água subterrânea, de oeste para leste, e determinam as características dos parâmetros hidrodinâmicos. O objetivo do trabalho foi obter os valores de condutividade hidráulica (K), transmissividade (T) e coeficiente de armazenamento (S) pela avaliação de ensaios de recuperação utilizando os métodos de Hvorslev, Bower e Rice e Cooper-Bredehoeft-Papadopulos. Foram utilizadas aplicações de fórmulas matemáticas de Hvorslev para obtenção de K e T, e avaliação do sistema de fraturas a partir de equações matemáticas para obtenção de k. Para a avaliação dos métodos propostos, foram analisados 99 ensaios de recuperação e 1163 fraturas a fim de avaliar a condutividade hidráulica. Os resultados foram comparados de modo a examinar o método mais representativo para o sistema cárstico-fissural e sua representatividade na região. Os três métodos clássicos apresentaram valores parecidos para K e T, sendo o valor modal do armazenamento (10-4) obtido pelo método de Cooper, Bredehoef e Papadopulos. O método matemático de Snow se mostrou mais eficiente para o cálculo de K em subsuperfície (10-3 m/s) estando próximo dos valores encontrados por ensaios de traçadores corantes por outros autores, possibilitando diferenciar os níveis verticais de condutividade hidráulica nesse sistema.
Estudo hidrogeoquímico foi realizado envolvendo a região da Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa, 504km2, a norte do município de Belo Horizonte. As litologias aquíferas envolvidas foram a sequência pelito-carbonática da Formação Sete Lagoas, metapelitos da Formação Serra de Santa Helena e granito-gnaisses do Complexo Belo Horizonte. A primeira divide-se em Membro Pedro Leopoldo, inferior, encerrando calcários impuros, com intercalações pelíticas, e Membro Lagoa Santa, superior, contendo calcários puros. As águas são bicarbonatadas cálcicas, secundariamente bicarbonatadas mistas a sódicas, quando associadas ao embasamento e coberturas. As concentrações de Ca2+ e Si4+ foram fundamentais para a distinção entre as unidades aquíferas carbonáticas e não carbonáticas, permitindo também identificar águas mistas, elucidar sobre o meio de recarga e compartimentar horizontal e verticalmente o sistema aquífero. A heterogeneidade litológica conferida ao membro inferior levou a sua subdivisão em 4 tipos hídricos, enquanto as águas do Mb. Lagoa Santa são homogêneas, refletindo a sua homogeneidade litológica. A alta produtividade dos poços profundos deve-se à dissolução de porções rochosas mais puras e à localização próxima a falhamentos e de contato litológico entre os membros, enquanto nas nascentes é controlada pela intensidade dos processos de carstificação dos calcários mais puros do Membro Lagoa Santa.
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