Nas próximas páginas, analisaremos relações entre práticas, produções musicais e territórios, tomando como estudo de caso quatro gravadoras indie e seus impactos em cidades em Portugal. Surgidas em diferentes épocas, Lux Records, em Coimbra; Lovers & Lollypops, no Porto; Revolve, em Guimarães; e Omnichord Records, em Leiria, operam sob éticas DIY e DIT, integrando indivíduos em suas comunidades a partir da música. Assumem o papel de transformadores do território no combate à precariedade e à falta de estrutura e de investimento em atividades culturais, além de serem, primordialmente, alternativas ao mainstream como forma de dar voz a movimentações no underground. São agentes ativos na revitalização e/ou adaptação de espaços para a produção e prática musical, com papel preponderante na descentralização/evolução de cenas musicais no país, sendo imprescindíveis na criação, produção e divulgação musical portuguesa. Teremos atenção ao panorama sociopolítico-cultural português ao analisarmos o contexto e as dinâmicas destes selos na criação/produção/divulgação musical e artística inovadoras, assumindo um papel chave na implantação e desenvolvimento do segmento musical indie. Verificaremos, também, como estes selos ‘cooptam’ influências estrangeiras misturando-as com práticas locais e reconfigurando-as como algo único e singular, ‘português’, mas com olhos para o mercado europeu.
RESUMO: Este artigo propõe lançar um olhar sobre o bairro lisboeta de Alvalade como um dos pontos mais emblemáticos do despoletar do punk rock português por volta do fim dos anos 1970. Procuramos identificar de que modo um novo conceito urbano aplicado e o cotidiano do local ajudaram a fomentar e a disseminar o estilo musical que tomou de assalto o imaginário juvenil português vindo diretamente do Reino Unido. Pretendemos visualizar também as condições urbanas e as contradições de Alvalade, bairro idealizado pelo Estado Novo, ou seja, criado pelo regime ditatorial de Salazar, que tornar-se-á ao longo dos anos e, contrariamente ao desejo do sistema, um centro de ideias e de contestação. Inicialmente propagado em Portugal pelo radialista António Sérgio, o punk rock se espalhou rapidamente pelas ruas de Alvalade através das mãos de jovens oriundos de famílias de bons rendimentos que lá se instalaram a partir dos anos 1960. Destacam-se as histórias de João Ribas, mítico vocalista de três das bandas mais importantes do estilo no país (Kú de Judas, Censurados e Tara Perdida, todas nascidas em Alvalade), do Jardim de Alvalade e do Café Vá-Vá, ponto de encontro da nova intelectualidade lusa na década de 1960, que se torna anos mais tarde o epicentro e ponto de referência para jovens sedentos por cultura, de informação e de rebeldia. Palavras-chave: punk, cidades, juventude, espaço urbano, rebeldia. ABSTRACT: This article aims to look at the Lisbon neighbourhood of Alvalade as one of the most emblematic points of Portuguese punk rock, circa the late 70's. We'll try to identify how a new urban concept and the neighbourhood daily life helped to foment and to disseminate a new musical style that came directly from the United Kingdom. The purpose of this paper is also to visualize the urban conditions and contradictions of Alvalade, a place that was idealized by the Estado Novo, that is, created under the dictatorial regime of Salazar, which will become over the years and, contrary to the desire of the System, a center of ideas, rejuvenation of Portuguese music and contestation. Initially propagated in Portugal by radio broadcaster António Sérgio, punk rock quickly spread through the streets of Alvalade through the hands of young people born in wealthy families who settled there in the 1960s. Highlights in this journey are the stories of João Ribas, mythical vocalist from three of the most important bands in the country (Kú de Judas, Censurados and Tara Perdida, all created in Alvalade), Jardim de Alvalade and Café Vá-Vá, meeting points for the new Portuguese intelligentsia in the 1960, which will become, years later, the epicenter and reference point for young people hungry for culture, information and rebellion.
À margem da capital: A gravadora indie Hey, Pachuco! como revitalizadora cultural e social do Barreiro
ResumoEste artigo procura lançar um olhar preliminar sobre os primeiros momentos da cena noise/experimental que despoletou na cidade das Caldas da Rainha, na viragem das décadas de 1980 para a de 1990, focando-se na atividade artística, musical e cultural das bandas locaise tendo o artista João Paulo Feliciano como protagonista. Deste modo, procuramos identificar os pontos-chave e os fatores que possibilitaram o florescimento de uma cena noise em Caldas da Rainha, como lojas de discos, pessoas, pontos de encontro, editoras, eventos, live sessions, festas e etc. Também foi nosso objectivo, evidenciar os impactos iniciais que a música e as movimentações artísticas feitas na cidade tiveram no resto do país. Paralelamente, apresentamos os pontos de influência que a efervescência do rock em Portugal teve em Caldas da Rainha e na sua cena noise/experimental, lançando uma análise prévia sobre as ramificações do progresso da cena na cidade que levaram músicos locais, além de Feliciano, a ter destaque no cenário nacional. Assim, este artigo, intenta fazer um ensaio propedêutico do conceito de cena às dinâmicas desenvolvidas nas Caldas da Rainha, relevando a necessidade que determinados atores sentiram para a criação do seu próprio "ecossistema" fundando editoras, agendando gigs e expandindo a network e personagens e espaços -tão necessária para as cenas independentes. Aqui, iremos inserir a importância dos contatos com os músicos de outras cidades de Portugal e até os laços de amizade entre Feliciano e Lee Ranaldo (Sonic Youth) e no que isso auxiliou a chancelar o noise que se fazia na cidade, mais reconhecidamente pelos Tina and the Top Ten.Palavras-chave: noise, cenas musicais, indie, network, experimentalismo.1
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