A DPOC é uma doença heterogênea e multifatorial que representa a terceira maior causa de mortes no mundo, provocada principalmente pelo tabagismo ativo e pela poluição ambiental particulada, além de haver outros fatores como poluição de ozônio, uso de combustíveis sólidos e tabagismo passivo. Nesse sentido, a fisiologia da DPOC melhor aceita se baseia em um desbalanço entre a produção de proteases e antiproteases, levando a uma maior degradação das proteínas pulmonares em relação ao seu reparo. Além disso, fatores genéticos e epigenéticos estão associados com o surgimento da doença, como uma resposta anômala de células inflamatórias no tecido pulmonar, alterações no desenvolvimento dos pulmões, fatores comportamentais da mãe antes e durante a gestação, e exposição a fatores ambientais na fase pré-natal e na vida posterior do indivíduo. Deste modo, crianças com asma possuem um risco 3,45 vezes maior para o desenvolvimento de DPOC enquanto crianças com infecções respiratórias graves na infância, pneumonia ou bronquite estão associadas a um risco 2,23 vezes maior. Alterações epigenéticas desregulam a expressão dos genes relacionados a DPOC, causando impactos permanentes aos pulmões os quais aumentam o risco de desenvolvimento da doença na vida adulta. A prevalência de DPOC ajustada por idade foi de 15,2% entre fumantes atuais, 7,6% entre ex-fumantes e 2,8% entre os adultos que nunca praticaram tabagismo. Há estudos que apontam o tabagismo como fator principal do surgimento da DPOC, indicando que 85-90% dos casos da doença são provocados por essa prática. Entretanto, outros estudos indicam que até 50% dos casos de DPOC podem estar associados a fatores de risco não fumantes, principalmente a exposição ocupacional a poeiras biológicas, o que evidencia a dificuldade ainda presente de se caracterizar a DPOC. Assim, segundo a Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD), são necessários três critérios para o diagnóstico da doença: (i) relação VEF1/CVF pós-broncodilatador inferior a 70%; (ii) “sintomas apropriados’’, como dispneia, produção de escarro, tosse crônicas ou sibilos; e (iii) “exposições significativas a estímulos ambientais nocivos”. Já em relação ao tratamento da DPOC, ainda não há terapias curativas, ou seja, a terapêutica baseia-se na melhora da qualidade de vida do paciente por meio de paliação da obstrução das vias aéreas, dos sintomas e das exacerbações da doença, não havendo uma terapia específica curativa.
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