<div class="page" title="Page 40"><div class="layoutArea"><div class="column"><p><span>A redescoberta da retórica no cenário acadêmico ocasionou uma ampliação do sentido hermenêutico agregado ao termo, revelando seu potencial como teoria da compreensão dos discursos. O objetivo deste artigo é apresentar a leitura retórica como possibilidade de abordagem do documento histórico, a partir da interpretação do proêmio da obra </span><span>Guerra Persa</span><span>, cuja autoria remete-se a Procópio de Cesaréia, no século VI d.C. </span></p></div></div></div>
Justiniano assumiu o poder em 527 e governou o Império Romano do Oriente até 565. Suas ações militares são conhecidas principalmente por meio da atuação dos generais Belisário e Narses no norte da África e na Península Itálica. O imperador também empreendeu um laborioso projeto jurídico, publicando um conjunto de livros – Codex, Digesto, Institutiones e Novellae – denominado posteriormente Corpus Iuris Civilis, por meio do qual muitos especialistas investigam o Direito Romano. O objetivo deste artigo é discutir a produção legal do imperador como mecanismo de poder e estratégia política de governo.
A questão que permeia todo o esforço da obra pode ser assim formulada: quais são os traços que podemos perceber das leituras laicas, eclesiásticas ou monásticas deixados nos livros conservados e acessados por nós, leitores modernos? A resposta comporta, em doze capítulos, uma análise do livro na sociedade bizantina, com suas funções, sentidos e tipologias, bem como as modalidades, maneiras e situações que articulam a relação com o leitor. A leitura é vista, portanto, como algo que pressupõe o envolvimento de espaços sociais, prá-ticas culturais e construção de sentidos.Dentre as categorias trabalhadas na obra, a ideia de uma "mentalidade livresca", presente em Bizân-cio, é, talvez, a principal. Tal mentalidade, explica Cavallo, é proveniente da estrutura de autoridade da escrita e se manifesta de diferentes formas: pela mania de colecionar livros, pelo valor da Bíblia, pelo repertório fixo de conhecimentos, entre outras.O conjunto da obra permite a visualização da formação de seu autor: eminente especialista em paleografia grega e civilização bizantina. Cavallo procura estabelecer sempre uma clara aproximação entre esses campos, percebendo a influência das formas greco-romanas no cotidiano bizantino (já que os próprios bizantinos, justifica Cavallo, consideravam-se como "romanos"), uma vez que pertence à categoria de pensadores que não veem rupturas radicais entre as artificialmente construí-das unidades-tempo da História.Inicialmente, vemos apresentadas as possibilidades de se fazer uma história da leitura em Bizân-cio, dificultadas pela ausência de traços diretos e pela complexidade interpretativa dos traços indiretos em relação a esse fenômeno. Cavallo expõe as fontes utilizadas: produção documental, documentos iconográficos, fontes literárias, catálogos ou inventários de bibliotecas e os livros que chegaram até à contemporaneidade (apresentando traços concretos da leitura); as dificuldades metodológicas (como delimitar a atividade da leitura? Que tipo de leitura considerar?) e evidencia a importância de se pensar, primeiramente, a relação entre livros de conteúdo teológico e livros de conteú-do profano. Ora, apesar da existência de um forte cânone retórico pautado nas obras clássicas, a produção literária só poderá, nesse momento, residir massivamente no âmbito do sagrado. Em todo ní-vel de instrução, do mais modesto ao mais elevado, são os livros de conteúdo teológico os mais lidos.A compreensão do tema se torna ainda mais complexa quando se percebe que, entre os bizantinos, o livro não é apenas instrumento de leitura, mas também um possível texto-autoridade, comportando significados mais profundos. O que estava escrito adquiria valor absoluto e exigia, portanto, certa submissão, e mesmo os analfabetos o sabiam. O reverso disso, argumenta Cavallo (p. 146), é a destruição do livro, que acompanha formas de repressão intelectual. Ao queimar um livro, o ato que se representa é a destruição daquilo que está escrito, do conteúdo, por assim dizer.Guglielmo Cavallo explica que na antiguidade a leitura era definida ...
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