O artigo investiga alterações nos sistemas paraglaciais e interconexões com a retração glacial em setores da ilha Rei George, Antártica Marítima. Foi analisado o ambiente proglacial, resultado da deglaciação recente, e identificados os tipos de formas de relevo em suas diferentes escalas. Estes registros são úteis para a reconstrução de estágios sucessivos evolutivos no sistema paraglacial. Os resultados demonstraram que o ambiente marginal às geleiras e sistemas paraglaciais estão evoluindo na ilha Rei George e há novas paisagens. Algumas geleiras apresentaram uma mudança importante entre 2000 e 2019, onde sua classificação mudou de geleira de terminação marinha para geleira de terminação terrestre (não-marinha). Atualmente há 21 geleiras com término em terra na ilha Rei George (correspondendo a 31% das geleiras) e 11 destas estão localizadas na Baía do Almirantado. 25% destas geleiras eram marinhas em 2000. Os novos ambientes paraglaciais (desde 2000) têm 1,7 km2 ao total de área. Os ambientes marginais às geleiras (como as geleiras Ecology, Wanda, Windy, Anna Sul e Baranowski) mostraram formas de gênese não glacial, como planície de lavagem, depositos de tálus, ravinas e canais fluviais no sistema paraglacial recente. O mapeamento geomorfológico evidencia que os processos paraglaciais se diferenciam entre os ambientes marginais ao gelo das geleiras, não são padronizados. Palavras-chave: processos geomorfológicos glaciais, áreas livres de gelo, mudanças climáticas.
O presente trabalho apresenta o primeiro inventário dos lagos glaciais nas áreas livres de gelo nas ilhas Rei George e Nelson, Antártica Marítima. Foram usadas imagens Landsat, Digital Globe, Planet Scope e Sentinel 2 para vetorização e mapeamento dos lagos através do Google Earth. Para a análise geomorfométrica foram utilizados os MDE Tandem-X e REMA. Há 56 lagos na ilha Nelson e 144 lagos na ilha Rei George, cobrindo um total de 320.000 m² de área e 2.016.169 m² de área, respectivamente. Os lagos se distribuem principalmente nos setores costeiros com baixas declividades (0-20%) e elevações (0-40m) nas áreas expostas das ilhas. Os lagos são formados em setores recentemente em deglaciarização (os lagos de contato com o gelo e marginais ao gelo, como por exemplo, nas áreas proglaciais na baía do Almirantado e Rei George) e deglaciarizados a mais tempo (e.g. Penínsulas Harmnony, Stanbury, Fildes, Potter, Weaver e Barton). A caracterização dos lagos pode auxiliar na explicação de possíveis diferenças de evolução temporal dos lagos, pois o surgimento de lagos nos setores frontais das geleiras mostra o quanto estas estão instáveis ao aquecimento na região, e dessa forma podemos inferir sobre a dinâmica de cada uma delas.
O objetivo deste trabalho é comparar as variações dos lagos e geleiras apresentadas por diferentes setores de áreas livres de gelo nas ilhas Rei George (IRG) e Nelson (IN) no período 1988-2018. Os lagos foram agrupados por técnicas de agrupamento e estatística multivariada. A evolução de área dos lagos e geleiras foram estimadas por segmentação e Índice de Diferença Normalizada da Água (NDWI) em imagens Landsat e Sentinel e outros dados de sensores remotos orbitais. Os lagos que apresentaram maiores variações de área foram os alimentados por aporte de água de degelo glacial destacando-se as áreas livres de gelo associadas à retração das geleiras Wanda, Viéville, Znosco e Anna Sul (636%, 214%, 173% e 110%, respectivamente). As menores variações (83%, 71%, 68%, 43% e 20%) ocorrem em lagos nas áreas livres de gelo associadas à retração das geleiras Baranowski, Polar Club, da calota de gelo da ilha Nelson, da geleira Fourcade e das áreas livres de gelo na península Fildes, respectivamente. Originaram-se 37 novos lagos no período 1988-2018. O aquecimento atmosférico, a retenção da água de degelo glacial e a coalescência de lagos pequenos influenciam nas mudanças ocorridas nos lagos marginais ao gelo em escala decadal.
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