No Município do Rio de Janeiro, a crescente intolerância religiosa, a dificuldade de acesso aos espaços públicose de manutenção dos espaços privados, além da necessidade de adaptação das religiões à Constituição Brasileira,vem levando grupos umbandistas a criarem estratégias espaciais que possibilitem reconhecimento, visibilidade eefetividade de decisões que atendam às demandas de cidadania. Este artigo tem como objetivo refletir sobrecomo os espaços fazem parte das estratégias dos grupos umbandistas no exercício da cidadania na cidade do Riode Janeiro, tornando-se um referencial que interfere no processo de construção identitário e cria o sentimento depertencimento, as redes de solidariedade e o reconhecimento no/do espaço.
A reflexão apresentada no artigo parte da premissa que a promulgação da Lei Federal nº 10.639/03, política pública de ação afirmativa voltada para o ensino básico que reformulou a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/1996, é um passo importante para a inserção não somente de conteúdos inerentes às heranças afro-brasileiras no currículo praticado da Geografia nas escolas de ensino básico, mas como um meio de inclusão social e combate ao racismo religioso no espaço carioca, descontruindo preconceitos e estereótipos contra os grupos que praticam as religiões de matrizes africanas. O trabalho está dividido em quatro seções, a saber: a introdução, onde apresentamos a legislação e a relevância da temática; a apresentação de dados que revelam a existência de racismo religioso na cidade do Rio de Janeiro e as potencialidades da Lei no combate à violência religiosa; a reflexão teórico-conceitual sobre a importância de se trabalhar na Geografia escolar a dimensão simbólica do espaço e, finalmente, as considerações finais acerca do trabalho.
A Umbanda, através de seus ritos e símbolos em reuniões coletivas, promove uma integração, no plano mítico, entre todas as categorias sociais. Ao forjar a identidade umbandista, como prática social e cultural, essa religião sincrética e moderna pode manter viva a esperança de grupos marginalizados em ocupar espaços de prestígio social e criar modelos de convívio que primam pelas sustentabilidades, através da transposição do significado da natureza, de acidente
geográfico, como portadora de valores culturais para a criação de um possível espaço social mais solidário. A partir da compreensão de que a RMRJ expressa pluralidade de sentidos, interrelações entre as diversas dimensões das práticas espaciais e sua aproximação com as práticas culturais, demonstra-se como a Umbanda expressa potenciais mecanismos de transformação das condições socioambientais vigentes que, por sua vez, pode deslanchar um novo paradigma de educação
ambiental no âmbito da gestão do território.
RESUMONo Município do Rio de Janeiro, a crescente intolerância religiosa, a dificuldade de acesso aos espaços públicos e de manutenção dos espaços privados, além da necessidade de adaptação das religiões à Constituição Brasileira, vem levando grupos umbandistas a participar e/ou construir espaços políticos e, consequentemente, agendas públicas que levem em conta as demandas materiais e imateriais das populações envolvidas, criando, assim, condições espaciais que possibilitem visibilidade e efetividade de decisões num contexto democrático. Sendo assim, o artigo procura trazer à baila uma reflexão sobre como os espaços políticos fazem parte das estratégias dos grupos umbandistas no exercício da cidadania na cidade do Rio de Janeiro.Palavras-chave: Espaço – Política - Religião - Cidadania ABSTRACTIn the Municipality of Rio de Janeiro, increasing religious intolerance, the difficulty of access to public spaces and the maintenance of private spaces, and the need for adaptation of religions to the Brazilian Constitution, have led Umbandist groups to participate and / or to build political spaces and , consequently, public agendas that take into account the material and immaterial demands of the populations involved, thus creating spatial conditions that allow visibility and effectiveness of decisions in a democratic context. Thus, the article seeks to bring to light a reflection on how political spaces are part of the Umbandist groups’ strategies in the exercise of citizenship in the city of Rio de Janeiro.Keywords: Space - Politics - Religion - Citizenship.
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