Este trabalho é uma reflexão sobre a implementação de uma metodologia de documentação da entoação, o Discourse Completion Task (BLUM-KULKA; HOUSE; KASPER, 1989), às novas exigências de distanciamento social, mediante o uso de simples instrumentos de comunicação e mídias sociais. Serão relatadas as primeiras etapas de um estudo de caso, o qual fez uso de diversas adaptações metodológicas, em função das restrições causadas pela pandemia, da documentação da variação suprassegmental de uma variedade de português L2, o português de Timor-Leste, em contato com suas línguas de substrato, o Tétum-praça e línguas austronésias. A documentação pôde contar com um primeiro conjunto de dados analisáveis, elicitados mediante WhatsApp (gravação de áudio e vídeo-chamada), e com o apoio de comunicações, encontros e trocas de ulterior informação pelo WhatsApp, Facebook, Google Meet e por e-mail, que permitiram refinar a metodologia, levando em conta os primeiros problemas que a experiência trouxe. Serão discutidos neste trabalho os seguintes tópicos: 1) a qualidade do áudio e as possibilidades de os participantes se autopoliciarem, melhorando as condições de gravação, mediante a escolha de lugares silenciosos e de instrumentos de gravação a eles acessíveis, 2) o treinamento metodológico, a maneira de fornecer instruções e as possibilidades de monitoramento e acompanhamento remotos que garantam melhor a manutenção do estilo semiespontâneo. São apresentadas, à luz da experiência, opções como: apresentar o questionário em bloco único ou não revelar uma situação até gravação da anterior; apresentar o questionário por escrito ou interagir oralmente; se é válido deixar os participantes a par da finalidade do estudo ou não. Na discussão tenderão a emergir as vantagens de 1) apresentar e trabalhar uma situação interativa por vez, 2) interagir oralmente e monitorar a tarefa para poder aplicar correções e retificações ao vivo, restando que o suporte escrito pode ajudar em situações onde o entrevistador é obrigado a produzir uma entoação que pode influenciar o participante, enquanto 3) não se torna prejudicial, como é lugar comum, revelar a finalidade do estudo, devido à pouca consciência fonológica da entoação, que dificulta seu controle e autoenviesamento pela mera ciência.