Neste artigo, problematizamos que a Live se constitui especialmente como respostas a demandas sociais que surgem a partir do contexto da pandemia de covid-19 e permitem que expectativas históricas de diversas esferas discursivas sejam oportunizadas. Apoiando-nos, sobretudo, na noção de gênero do discurso de Bakhtin (2011), examinaremos a Live “Estratégias de proteção e monitoramento fora do ambiente físico escolar”, promovida pela Polícia Civil do Paraná (PCPR), ressaltando, a partir dela, características que podem orientar a compreensão da Live enquanto um gênero discursivo que se fortalece no contexto da pandemia. Consideramos que, para esta discussão, é preciso investigar de que forma a constituição dos gêneros está associada às transformações das relações sociais concretas; e como os elementos discursivos que singularizam sua produção, circulação e recepção se estabelecem. A partir disso, tematizamos peculiaridades que desencadeiam elos discursivos relacionados ao contexto histórico, a esferas, a instituições, a sujeitos envolvidos, às práticas orquestradas, às tecnologias e a meios de comunicação utilizados e às lutas sociais, assumidas ou silenciadas (“estrategicamente” ou não) que envolvem o gênero Live. Enfim, destacamos que a junção de todos esses elementos singulariza o estatuto discursivo-dialógico da Live, que ganhou estabilidade no contexto pandêmico.
Este texto toma o hibridismo estético da obra de Jorge Ben Jor como elucidativo dos trânsitos simbólicos operados pelo cantor brasileiro que, desafiando circunscrições espaço-temporais tradicionais, tornam o artista um emblema do processo de mundialização da cultura, na medida em que conformam uma materialidade estética calcada na superposição entre local, nacional e mundial. Neste sentido, o “caldeirão de referências musicais” que se apresenta como insumo à criatividade artística do cantor ― estendendo-se da música etíope apresentada pela mãe, chegando ao rock estadunidense de Little Richard e passando pelos sambas-enredos da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro ensinados pelo pai ― nos servirá de subsídio para problematizarmos o processo de industrialização do simbólico no Brasil e a interface impreterível que forma em relação ao tema da cultura “popular”, que é ressignificada, articulando-se a um folclore aluvial cuja principal característica é a mestiçagem do ambiente urbano. Assim, a trajetória de Jorge Ben Jor, como lugar idiossincrático onde se cruzam o “intimismo civilizado” da bossa nova e a “expansividade festiva” do samba-enredo, aparecerá como figuração da articulação entre o popular e a mundialização da cultura.
O objetivo deste artigo é explicar por que, podendo gozar de liberdade e flexibilidade para organizar suas rotinas de estudo em consonância com seus próprios desejos ao longo da pandemia do novo coronavírus, que lhes colocou sob a égide do ensino remoto mediado por tecnologias, os discentes da educação básica clamam pelo retorno da tutela e da vigilância de uma instituição disciplinar como a escola. Isto em um contexto em que a demanda por mudanças que lhes concedessem precisamente a liberdade de que hoje querem abrir mão tem sido alvo de políticas públicas que redesenham toda a educação básica. Os dados são provenientes de observações sistemáticas a partir da experiência do autor como docente na educação básica em três escolas do Distrito Federal, bem como da aplicação de questionários aos discentes dessas instituições. Os resultados da análise operada a partir de tais dados indicam para a conformação, no molde remoto de ensino, de uma “liberdade paradoxal” que, segundo o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, caracteriza o que chama de sociedade do cansaço. Essa pretensa liberdade acirra um processo de autocobrança, potencializando sentimentos como culpa e inaptidão, e cristaliza um regime atenção caracterizado pelo excesso de estímulos e pela dispersão que, invariavelmente, leva a uma nova percepção a respeito do uso tempo e aos clamores pelo retorno do panoptismo da instituição escolar.
Diante do desfile da agremiação carnavalesca Beija-Flor, em 2011, tomado como pináculo da trajetória de consolidação do cantor Roberto Carlos, e do esquema teórico-analítico configuracional de Norbert Elias, esta pesquisa lança mão de uma sociobiografia para compreender, inicialmente, os aspectos sócio-históricos que fizeram as criações do artista sobreviverem ao processo de seleção de uma série de gerações, sendo gradualmente absorvidas no padrão dos produtos culturais subsequentes, à maneira de denominações como o "sertanejo" e o "brega". O recurso à sociobiografia prende-se ao objetivo principal desta pesquisa que é apreender e conceituar as feições da trajetória de "transformação" do "homem" Roberto Carlos no "ídolo" Roberto Carlos, a partir da perspectiva da propagação mundial do pop no escopo da cultura popular de massa, com suas repercussões em um país como o Brasil -na medida em que esta sociedade nacional se remaneja como uma estrutura urbano-industrial e de serviços, em que ganha contornos uma sociedade de consumidores. Fazendo a justaposição entre homem e mito, o trabalho aponta para a trajetória do cantor como figuração do processo de longa duração sócio-histórica de modernização. Destarte, o trabalho adquire relevância teórico-analítica, na medida em que remonta o momento de conformação do espaço social da música popular no Brasil e, ademais, serve como elucidação da forma com a qual os processos de modernização e industrialização do simbólico introjetam novas memórias responsáveis por grandes saltos criativos e sínteses artísticas: enfim, uma reformulação da criatividade musical a partir da própria rearticulação da identidade nacional em torno de uma racionalidade tecnomercantil, que se conjuga a um "novo folclore", já urbano. A consagração de Roberto Carlos como "Rei" passa pela articulação, no âmbito de sua estrutura psíquico-afetiva, de memórias vinculadas ora à racionalidade tecnomercantil da cultura industrializada, ora à dimensão das emoções extraídas de um "folclore aluvial" urbano. Com isso, desenha-se um debate sobre a modernização brasileira, cuja característica é de manutenção do finalismo do espírito religioso, o que nos permite redesenhar teoricamente a construção social do valor de Roberto Carlos, ou seja, sua atribuição de
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