A psicossociologia oferece um arcabouço teórico-metodológico profícuo à compreensão e exploração das relações entre os conflitos vividos no cenário laboral atual, o sofrimento dos trabalhadores e as contradições organizacionais. Nessa esteira, o objetivo desse estudo é compreender como se dá a construção do trabalho de escuta em intervenções psicossociológicas nas organizações e elucidar qual o papel da implicação do interventor e dos próprios trabalhadores nesse contexto. Como os autores desse trabalho conduzem intervenções psicossociológicas em organizações públicas e privadas, os dados explorados provêm de suas práticas cotidianas, a partir do método das ‘reminiscências dos pesquisadores’ e mediante abordagem qualitativa e descritiva. Para além do tempo cronológico e para possibilitar a superação da intervenção pela via estrita da objetificação dos comportamentos, nas organizações esse trabalho compreende a construção de uma escuta que se operacionaliza em dois momentos distintos: ‘do acolhimento e retorno à historicidade, e das elaborações mais direcionadas à atividade produtiva de cada trabalhador’. A implicação, por sua vez, não representa um obstáculo metodológico a ser neutralizado, senão que se desvela um componente fundamental à consolidação do vínculo com os trabalhadores, contando que ela seja reconhecida e devidamente trabalhada. A empatia, a sensibilidade, o reconhecimento do outro e de suas diferenças, a superação de modelos ideais e cristalizados, bem como a implicação na realização de um trabalho efetivo que abra espaço para interrogações críticas, constituem ingredientes fundamentais dessas intervenções.
O surgimento das denominadas "Clínicas do Trabalho" como um agrupamento de campos metodológicos -evidenciados por uma perspectiva clínica de análise da complexidade das relações de trabalho e de compreensão da interação entre questões subjetivas e organizacionais do trabalho -aponta também para a leitura "ampliada" e multifacetada inerente à psicologia do trabalho atual. Embora não constituam uma escola única de pensamento, as Clínicas do Trabalho compartilham posicionamentos críticos frente às problemáticas que envolvem a intricada relação entre subjetividade e trabalho, tendo como principais interesses suas dimensões simbólicas e culturais, inerentes às vinculações interpessoais, e a questão da atividade no trabalho (i.e., ação e poder de ação do sujeito na situação de trabalho). A pesquisa, que atrela os recortes social e clínico, extrapola a definição mais técnica ou formal de trabalho, emprestando a ela a ideia de implicação subjetiva bem como de construção de significados e sentidos protagonizados pelo sujeito em situação, considerado essencialmente em sua dimensão histórica e como ator social; suas propostas de intervenção vêm conjuntamente, nesta mesma perspectiva, e buscam a construção de um saber inerente à realidade do trabalho, inseparável da experiência de onde emerge e dos sujeitos que a constroempautando tal compreensão justamente pela complexidade da situação, junto de seus conflitos, dificuldades e questionamentos. Neste artigo, buscamos discutir algumas características fundamentais desta perspectiva metodológica voltada às questões do trabalho a partir das contribuições da Psicossociologia francesa.Palavras-chave: Clínicas do trabalho, Psicologia do trabalho, Perspectiva clínica, Psicossociologia, Psicodinâmica do trabalho, Clínica da atividade.On the clinical aspects and the complexity of the work: the clinics of work understood by psychosociologycal perspectiveThe appearing of so-called "Clinics of Work" as a grouping of methodological fields -evidenced by a clinical perspective to analyze the complexity of labor relations and understanding the interaction between subjective and organizational labor issues -also points to this "enlarged" and multifaceted understanding inherent in the actual Work psychology. Although they do not constitute a single school of thought, those Clinics of Work share critical positions regarding the problems that involve the intricate relationship between subjectivity and work, having as main interests their symbolic and cultural dimensions, inherent in interpersonal connections, and the question of the activity in the work (ie, action and power of action of the subject in the work situation). The research, which links the social and clinical aspects, goes beyond the more technical or formal definition of work, lending it the idea of subjective implication, as well as the construction of meanings carried out by the subject in situation, considered essentially in its historical dimension and as a social actor; their proposals for intervention come together in this sa...
RESUMO: Este estudo teve como objetivo principal apresentar as concepções de Sándor Ferenczi (1873-1933) sobre a interface mente-corpo, destacando, sobretudo, dois conceitos fundamentais propostos pelo autor, a saber: patoneurose e neurose de órgão. Salientamos que o autor, fundamentando-se em Freud, recorre ao modelo teórico da histeria ao aludir às patoneuroses, mas alinha seu posicionamento às formulações acerca das neuroses atuais, ao descrever as neuroses de órgão. Dessa forma, sustentamos que as contribuições de Ferenczi forneceram subsídios de grande relevância para os progressos posteriores no campo da Psicossomática Psicanalítica, ainda que tal fato muitas vezes não seja devidamente reconhecido.
O objetivo deste artigo é discutir alguns dos primeiros estudos que se voltaram à compreensão das relações objetais primárias. Para tanto, a atenção se volta para a chamada Escola Húngara de Psicanálise, grupo composto por psicanalistas das primeiras gerações do movimento psicanalítico liderado por Sándor Ferenczi e responsável por estudos vanguardistas e bastante originais no que se refere à teoria psicanalítica do desenvolvimento subjetivo, às práticas clínicas e à técnica psicanalítica. Numa perspectiva histórica, esses estudos foram pioneiros em considerar as relações primordiais entre mãe-bebê – fundamentaram e influenciaram grandes nomes e escolas da psicanálise.
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