RESUMOAo contrário do que indica a famosa -e questionável -fórmula "Bíblia dos iletrados", os discursos medievais sobre as imagens iam bem além de apenas destacar sua função didática. Neste artigo, apresentamos uma mostra dessa diversidade, analisando uma série de textos medievais acerca de imagens, que dividimos em cinco grandes categorias (não excludentes e por vezes complementares). O primeiro grupo, o mais numeroso, é o dos discursos teóricos sobre imagens, envolvendo questões teológicas. Em seguida, ainda que fundado em argumentos de ordem teológica, um segundo grupo corresponde àqueles textos em que se busca intervir na prática das imagens por meio de proposições normativas. Decorrente dos tipos anteriores é o terceiro grupo, o dos discursos que tratam da recepção das imagens, das reações frente a elas. Um quarto grupo são os escritos que mencionam os produtores de imagens: tanto os documentos de tipo prático quanto os comentários com juízos de valor a respeito do trabalho daqueles. E, por fim, estão os textos que trazem descrições, desde os que seguem de perto o gênero retórico da ekphrasis àqueles que descrevem a materialidade das imagens.
ABSTRACTContrary to what indicates the famous -and questionable -formula "Bible des illetrés", the medieval discourses on images went well beyond just highlighting its didactic function. In this article, we present a sample of this diversity, analyzing a number of medieval texts dealing with images, which we have divided into five broad categories (not mutually exclusive: on the contrary, sometimes complementary). The first and most numerous are the theoretical discourses on images involving theological questions. Then, still
RESUMO Há alguns anos, para exemplificar as transfor mações ocorridas na Antiguidade Tardia, Peter Brown não fez uso de imagem ou metáfora, mas de um caso concreto: o livro tal como o conhecemos hoje. Como ele sintetizou, so mente por volta de 300 o formato do livro em códex suplantou o rolo; somente por volta de 600 sua escrita se assemelhou à nossa, com palavras separadas; e somente por volta de 800 os textos foram pontuados, divididos em pará grafos e escritos de modo uniforme. Nem tudo, porém, foram mudanças: as línguas predomi nantes continuavam a ser o latim e o grego e muitos desses livros ainda eram ornamentados com imagens. Um dos motivos frequentes era de tipo arquitetônico: colunas, arcos, capitéis, torres, edificações etc. Conjugando uma her ança clássica, pagã, com ideias cristãs, essa ornamentação arquitetônica servia a diferentes propósitos - não apenas aos relacionados ao conteúdo iconográfico como também àqueles próprios da organização do livro. A fim de en tender a utilização e o modo de funcionamento dessa ornamentação, este estudo propõe ana lisar um corpus de manuscritos cristãos latinos produzidos, notadamente em Roma, nas Ilhas Britânicas e na Gália de cerca do século V até fins do século VIII.
ResumoA partir do conceito de "montagem", tomado de Georges Didi-Huberman, em suas releituras de Walter Benjamin e Aby Warburg, este artigo busca refutar a visão corrente na bibliografia especializada sobre o claustro românico de Moissac de que lhe faltaria uma "ordenação lógica" para seus capitéis. Ao contrário, mostraremos como este "lugar de imagens" é resultado de várias "montagens topo-lógicas".
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