IntroduçãoBarros (1983, p. 378) define o processo de medicalização como: [...] a ampliação crescente do trabalho de intervenção da medicina na vida das pessoas, passando para a alçada médica, inclusive, problemas claramente determinados pela forma de ser da sociedade, no interesse de se manter o status quo (por exemplo, escamoteando os conflitos inerentes às relações capital-trabalho).Segundo Conrad (2007), medicalização também diz respeito a um processo em que problemas não médicos acabam se transformando em problemas médicos, apresentando características de doenças e desordens em nível orgânico. Nesse mesmo sentido, para Kantoviski e Vargens (2010), o processo da medicalização refere-se à transformação das questões da vida cotidiana em objetos da medicina ou, ainda, à capacidade do saber médico de se apropriar dos problemas cotidianos e dar explicações a esses problemas por meio de conhecimentos da medicina. Os (as) autores (as) desenvolvem ainda uma discussão em torno da sociedade capitalista. A partir dessa discussão, a medicalização seria uma forma de controle social que normatiza, regula e administra diversos aspectos da vida humana. Para Moysés e Collares (2010), esses aspectos da vida humana se referem às relações socialmente construídas, o que significa que o processo de medicalização naturaliza a vida e desafia os direitos humanos, que são uma conquista da sociedade, e não um aspecto biológico.Nesta mesma direção, Garrido e Moysés (2010, p. 150) afirmam que "Medicalizar [...] significa também acreditar que o saber médico poderá levar ao domínio da morte e que a frequência das curas está diretamente ligada à intensidade do ato médico". Sob esta ótica, quanto mais o médico fizer parte de nossa vida, quanto mais teremos a possibilidade de ter a vida "normalizada".Assim, é, por meio do discurso moralizador da medicalização da vida das pessoas que esse processo adentra também na instituição escolar, adquirindo características e nomes diferentes, que, à primeira vista, não são percebidos como uma forma de controle social. Quando tratamos da moralização das condutas humanas estamos querendo afirmar exatamente que a produção humana acompanha a produção dos comportamentos e sentimentos humanos. Assim, a medicalização da vida torna-se presente em várias situações da vida, como a familiar, a escolar, a do trabalho e a da cultura (CONRAD, 2007).Entre as diferentes maneiras de a medicalização se inserir nas escolas, podemos citar o uso da medicação na infância escolar para resolver dificuldades de aprendizagem
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