A prática de filiação a irmandades negras e demais associações de apoio mútuo foi recorrente no século XIX entre africanos e afro-brasileiros. Muitas vezes ela acontecia como forma de acumular não só benefícios, mas também prestígio na sociedade. Na cidade de Salvador não foi diferente e alguns pesquisadores têm sublinhado essas redes associativas. Neste artigo, investigamos o perfil de alguns irmãos e irmãs da irmandade do Rosário às Portas do Carmo e analisamos os diferentes sentidos das proximidades estabelecidas entre membros da confraria com as sociedades mutualistas emergentes na capital baiana a partir da segunda metade do século XIX, bem como com outros espaços devocionais de matriz afro-religiosa. Com efeito, entendemos que as trajetórias de sujeitos associados à irmandade afro-baiana incluíam também o envolvimento com ativismos políticos e sociais do pós-abolição.
The practice of affiliation to black brotherhoods and other mutual support associations was recurrent in the 19th century among Africans and Afro-Brazilians. Often it happened as a way of accumulating not only benefits, but also prestige in society. In the city of Salvador it was no different and some researchers have highlighted these associative networks. In this article, we investigate the profile of some brothers and sisters of the brotherhood of Rosário at Portas do Carmo and we analyze the different meanings of the proximities established between members of the brotherhood with the mutual societies emerging in the Bahian capital from the second half of the 19th century, as well as with other Afro-religious devotional spaces. Indeed, we understand that the trajectories of subjects associated with the Afro-Bahian brotherhood also included involvement with post-abolition political and social activism.
Objetos de pesquisa explorados desde o início do século XX, as religiosidades afro-baianas foram analisadas em larga medida por narrativas folclorizantes e eivadas de diferentes preconceitos e racismos, que acabaram nutrindo o senso comum a respeito das suas práticas. A partir do último quartel dos novecentos, estas narrativas foram enfrentadas pela crítica de diferentes grupos étnicos e religiosos, além da academia. Neste artigo traçamos uma breve leitura a respeito desta encruzilhada de práticas religiosas e suas respectivas interpretações, utilizando como ponto de partida a experiência de membros da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Pelourinho e de outras manifestações religiosas soteropolitanas, entre os séculos XIX e XX. Neste espaço a religiosidade afro-baiana foi e ainda é experimentada entre os seus integrantes e nos oferece aportes para sugerir uma outra forma de se interpretar as suas práticas.
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