Língua azul (LA) é uma doença causada pelo vírus da língua azul (VLA) e transmitida por vetores do gênero Culicoides. Estudos sorológicos têm demonstrado a ampla presença do vírus no Brasil; entretanto, informações clínicas da LA na América do Sul são limitadas. Esse trabalho descreve alterações clínico-patológicas em ovinos acometidos pela LA no Sul do Brasil. Em dois surtos, em propriedades distintas, 15 ovinos apresentaram como principais sinais clínicos hipertermia, apatia, aumento de volume da face e região submandibular, dificuldade de deglutição com regurgitação, secreção nasal mucopurulenta esverdeada, alterações respiratórias, além de acentuada perda de peso e erosões na mucosa oral. Os achados de necropsia em seis ovinos afetados incluíram edema subcutâneo na face e região ventral do tórax, secreção nasal esverdeada, esôfago dilatado preenchido por grande quantidade de conteúdo alimentar, pulmões não colabados com áreas consolidadas anteroventrais, bem como luz da traquéia e brônquios preenchida por espuma misturada com conteúdo alimentar. No coração e base da artéria pulmonar, havia focos de hemorragia. Histologicamente, as principais alterações observadas ocorriam no tecido muscular cardíaco e esquelético, especialmente no esôfago e consistiam de lesões bifásicas caracterizadas por degeneração/necrose hialina e flocular de miofibras associadas com micro-calcificação e infiltrado inflamatório mononuclear. Pneumonia aspirativa associada à presença de material vegetal e bactérias na luz de brônquios também foi observada. O diagnóstico de LA foi confirmado pela detecção do genoma viral por duplex RT-PCR em amostras de sangue de animais afetados, seguido da identificação do VLA, sorotipo 12 por sequenciamento.
Este artigo fala do processo de pesquisa em desenvolvimento no Mestrado Profissional em Educação, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, que visa propor práticas chamadas de Contágios Poéticos, a docentes da Educação Básica, através do ciberespaço. Inicialmente busca contextualizar aspectos referentes ao teletrabalho, e suas possíveis conexões com a docência pandêmica, relacionando à questões de gênero e divisão sexual do trabalho, a partir do quadro de feminização do magistério, em interlocução com considerações acerca do corpo, imagem e culturas visuais. Embasa-se nas autoras Claudia Vianna, Paula Sibilia, Judith Butler, Silvia Federici e nos autores Pierre Lévy e W. J. T. Mitchell.
Este ensaio apresenta imagens e relatos de três artistas participantes da exposição "Estou bem, mas poderia estar um pouquinho melhor", inspirada no conto homônimo de Lydia Davis, que ocupou a Galeria de Arte Loide Schwambach, em Montenegro/RS, no ano de 2022. O objetivo é compartilhar processos criativos impulsionados por infra-provocações do projeto de pesquisa O infraordinário como método investigativo em arte e educação, em que artistas de diversas áreas criativas inventam práticas investigativas a partir do termo infraordinário de Georges Perec.
Resumo: O presente artigo apresenta um recorte da investigação realizada em uma casa em ruínas, no centro da cidade de Montenegro/RS, como uma imersão poética, que deseja dar a ver as camadas de tempo e espaço que se sobrepõem em um processo artístico cotidiano. Analisando as possibilidades para a criação em arte nesse espaço em transformação, muitas vezes considerado inútil, incômodo e que atrapalha o desenvolvimento do espaço urbano. Ao habitar a casa como um ateliê, propomos alterações e diferentes vivências neste espaço. Considerando, ainda, a forma que as plantas e demais seres dialogam com a casa em ruínas, visualiza-se fissuras nos modos que a arte pode se relacionar com a vida e o cotidiano.
O presente estudo articula-se a questões geradas por práticas artísticas recentes. As cidades mostram-se um terreno fértil para a investigação artística, mais especificamente, o espaço do infraordinário, termo cunhado por Georges Perec, que se torna central nesta investigação poética. No espaço das banalidades diárias, a ideia de natureza brota como uma inadvertida ocorrência, construindo espaços denominados zonas de contato: espaços do cotidiano em que ressoa a natureza, em que se pode experimentar acontecimentos momentâneos, tomando posições fluídas articuladas a dispositivos artísticos específicos. O campo de atuação circunscreve-se a partir dos rios Guaíba e Caí, nas cidades de Porto Alegre e Montenegro, que disparam análises da imagem do rio como margem entre a natureza e a cultura, uma natureza dos interstícios, que atravessa a cidade: rios, terrenos baldios, mato que não é jardim. Qual natureza se manifestaria em uma zona de contato entre rio, cidade e cotidiano? Procura-se analisar como uma oposição entre natureza e cultura se constitui, conduzindo à hipótese de que a maior parte das coisas que conosco convivem estão em um contexto intermediário, podem transitar entre natureza e cultura, conforme apontado por Philippe Descola e Emanuele Coccia. Frequentemente, vida e arte, natureza e cidade são termos colocados como antagônicos tanto nas narrativas da história da arte quanto em nossos discursos cotidianos. Busca-se gerar uma imbricação entre essas instâncias, construindo uma outra zona possível de atuação. No infraordinário ressoa uma natureza que não é romântica ou selvagem, que ainda está por ser definida.Palavras-chave: Zonas de contato; infraordinário; natureza; cultura. Contact Zones: Ressonances regarding the nature of the Infra-ordinaryAbstract: The present study is related to issues generated by recent art practices. Cities are fertile ground for artistic research, more specifically, the space of the infra-ordinary, a term coined by Georges Perec, which becomes central to this poetic investigation. In the space of daily banalities, the idea of nature springs up as an inadvertent occurrence, building spaces called contact zones: spaces of everyday life in which nature resonates, in which momentary events can be experienced, taking fluid positions articulated to specific artistic devices. The field of action is circumscribed by the Guaíba and Caí rivers, in the cities of Porto Alegre and Montenegro in the state of Rio Grande do Sul, Brazil, which trigger analyzes of the river's image as a margin between nature and culture, a nature of the interstices that runs through the city: rivers, wasteland, bush that is not a garden. What nature would manifest itself in a contact zone between river, city and daily life? We seek to analyze how an opposition between nature and culture is constituted, leading to the hypothesis that most of the things that live with us are in an intermediate context, and can move between nature and culture, as pointed out by Philippe Descola and Emanuele Coccia. Often, life and art, nature and city are terms that are seen as antagonistic both in the narratives of art history and in our everyday discourses. We seek to generate an overlap between these instances, building another possible area of action. In the infra-ordinary resonates a nature that is not romantic or wild, which has yet to be defined. Keywords: Contact zones; infra-ordinary; nature; culture.
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