O presente artigo aborda interfaces entre desenvolvimento musical, Musicoterapia e Musicalidade Comunicativa. Objetivando investigar o desenvolvimento musical de crianças com autismo e suas relações com ganhos terapêuticos em Musicoterapia Improvisacional Musicocentrada, foi avaliado quantitativamente o desenvolvimento musical de 25 crianças com autismo no início e final do tratamento de Musicoterapia, o que foi correlacionado aos ganhos terapêuticos. Os resultados mostram maior nível de desenvolvimento musical após tratamento e correlações positivas do desenvolvimento musical com melhoras principalmente na linguagem/comunicação. Dentre as discussões levantadas, destaca-se a relevância da teoria da Musicalidade Comunicativa para a compreensão das relações entre Musicoterapia e desenvolvimento musical.
A música é relacionada ao tratamento para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), embora estudos controlados com abordagens específicas da Musicoterapia sejam escassos. Com o objetivo de investigar os efeitos da Musicoterapia Improvisacional Musicocentrada no tratamento de crianças pré-escolares com TEA, 45 crianças autistas de 2 a 6 anos foram alocadas nas condições Controle (n = 19) e Intervenção (n = 26). Elas foram submetidos à avaliação inicial e final (T1 e T2) por meio das escalas Psiquiátrica e Musicoterapia. O grupo Intervenção recebeu sessões semanais individuais de Musicoterapia Improvisacional Musicocentrada. Ambos os grupos mantiveram os cuidados habituais durante o estudo. O grupo Intervenção participou da avaliação de manutenção (T3) dois meses após o T2. As análises estatísticas mostraram que os grupos esavam pareados em T1. As diferenças entre T1 e T2 foram significativas para quase todas as escalas no grupo Intervenção, enquanto o grupo Controle mostrou significância apenas em uma subescala de comunicação. O grupo Intervenção mostrou tamanho de efeito moderado a grande, enquanto o grupo Controle mostrou um tamanho de efeito pequeno. A maioria das melhorias não foi mantida no T3. As correlações entre os dados iniciais e a taxa de resposta ao tratamento são discutidas. Os resultados sugerem o valor da Musicoterapia Improvisacional Musicocentrada na promoção de melhorias nos comportamentos, comunicação e socialização para crianças em idade pré-escolar com TEA.
O tratamento musicoterapêutico, ascendente forma de tratamento para o Transtorno do Espectro do Autismo, vem demonstrando grande eficácia para pacientes com autismo ou características autísticas. Os objetivos terapêuticos incluem a melhora na comunicação, na fala, na socialização e as mudanças positivas de comportamento. Entre os recursos disponíveis para avaliar a melhora clínica, existem duas escalas desenvolvidas na abordagem Nordoff Robbins (NR) que avaliam a Comunicabilidade Musical e a Relação entre terapeuta e cliente. Por intermédio destas escalas, foi realizada análise cega dos vídeos da primeira e da última sessão das crianças autistas que receberam Musicoterapia no HC-UFMG, para verificar a confiabilidade interexaminadores. Essas escalas também foram comparadas com outras ferramentas de avaliação: Childhood Autism Rating Scale (CARS), Autism Treatment Evaluation Checklist (ATEC) e Improvisational Assessment Profiles (IAPs), a fim de verificar a validade concorrente. Observou-se boa confiabilidade interexaminadores das Escalas NR e melhora na comunicabilidade musical vocal e de movimento corporal no grupo intervenção. Observou-se, ainda, correlação moderada entre as Escalas NR, CARS e ATEC e correlações fortes entre Escalas NR e IAPs.
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