Introdução: Descrita pela primeira vez em 1849, a miocardiopatia periparto só foi reconhecida como entidade clínica em 1930. É causa rara de insuficiência cardíaca, que afeta cerca de 4% das mulheres em países industrializados, no fim da gravidez ou no puerpério precoce. De etiologia desconhecida, é de diagnóstico clínico e de exclusão, com achados inespecíficos ao eletrocardiograma (ECG) e critérios ecocardiográficos específicos. O tratamento das mulheres com insuficiência cardíaca na gravidez deve ser semelhante ao de outros pacientes. Objetivo: Acreditamos que a conscientização e o conhecimento sobre miocardiopatia periparto possa minimizar as interpretações errôneas. Relato de Caso: Gestante, 33 anos, GIIPIA0, idade gestacional (IG) 35 semanas, oriunda do pré-natal de baixo risco; quadro clínico de dispneia franca, taquicardia, taquidispneia, sudorese fria, cianose de extremidades e estertores pulmonares difusos, compatível com edema agudo pulmonar (EAP). ECG: ritmo cardíaco sinusal, eixo em + 60 graus, sobrecarga atrial esquerda, alterações difusas de repolarização ventricular. Pressão arterial (PA): 180 x 140 mm Hg. Realizou-se tratamento da fase aguda do EAP. Paciente evoluiu com descolamento prematuro de placenta (DPP), indicando-se cesariana de urgência. Ecocardiograma pós-parto revelou alterações compatíveis com miocardiopatia periparto. A paciente evoluiu bem, com alta do Centro de Terapia Intensiva (CTI) para a enfermaria de obstetrícia e posterior alta hospitalar em sete dias. Conclusão: Desde o relatório do NIH PPCM Workshop Group em 2000, centenas de publicações surgiram, o que indica a natureza premente da doença e o desejo de encontrar soluções para sua causa e melhor tratamento. Porém, ainda temos áreas chave que permanecem sem respostas definitivas, como: os “gatilhos" reais que iniciam o processo, o papel dos vírus e dos autoanticorpos cardíacos, das proteínas codificadas pelo gene FLT1 na patogênese, assim como a importância da prolactina e dos micronutrientes. O pré-natalista deve sempre estar atento para a possibilidade de que uma mulher jovem, apesar da ausência de qualquer tipo de problema cardíaco em seu histórico médico, possa desenvolver uma cardiomiopatia grave, com início agudo, durante a gestação.
Introdução: A endometriose é uma das patologias ginecológicas mais observadas em mulheres em idade reprodutiva. Embora acometa com mais frequência os ovários, também pode ser observada no colo do útero. A endometriose cervical é uma condição benigna rara, geralmente um achado incidental ou retrospectivo nos laudos histopatológicos, com incidência relatada de 1,6‐2,4%. A maioria das pacientes com endometriose do colo do útero é assintomática. Os sintomas relatados com mais frequência são dismenorreia (60 a 80%), dor pélvica (30 a 50%) e infertilidade (30 a 40%). A irregularidade menstrual é referida por apenas 10 a 20% das pacientes. Esfregaços cervicais podem ser enganosos em casos de endometriose cervical. Objetivo: Acreditamos que a conscientização sobre a endometriose cervical pode minimizar as interpretações errôneas. Relato de Caso: Paciente de 53 anos, apresentando quadro de sangramento uterino anormal, com um episódio de internação hospitalar. Apresenta laudo de exame colpocitológico com lesão intraepitelial de alto grau e atipias de células glandulares. Na colposcopia, imagens sugestivas de alto grau. Submetida a conização por Stumdorf, com laudo histopatológico de endometriose de colo. Conclusão: Número substancial de pacientes relatado na literatura só apresentou resultados anormais de esfregaço ou foi diagnosticado durante a colposcopia ou por exames anatomopatológicos. A endometriose cervical normalmente está presente em pacientes submetidas a intervenções prévias no colo do útero, e o esfregaço cervical posterior pode ser interpretado erroneamente como lesão intraepitelial escamosa de alto grau. Entretanto, também pode ser encontrada em pacientes que nunca foram submetidas a procedimentos traumatizantes na cérvice, como no nosso caso. A avaliação histopatológica é o melhor caminho para o diagnóstico definitivo. O manejo varia, dependendo da gravidade dos sintomas clínicos. Embora as pacientes assintomáticas não necessitem de tratamento, aquelas com sintomas persistentes devem ser tratadas. Contraceptivos orais e análogos podem ser tentados para se evitar a cirurgia. A excisão cirúrgica, o procedimento de excisão eletrocirúrgica com alça, a eletrocoagulação, a criocirurgia e a vaporização com laser de CO2 são opções cirúrgicas conservadoras para a endometriose cervical, sendo a histerectomia total o tratamento definitivo. A endometriose cervical deve ser diferenciada de outras lesões cervicais benignas ou malignas e deve ser considerada no diagnóstico diferencial quando há sintomas ginecológicos, como hemorragia, sangramento pós-coito, dismenorreia ou dispareunia.
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