As evoluções científicas e tecnológicas das últimas décadas, associadas às transformações econômicas, estão promovendo mudanças substanciais no exercí-cio da patologia clínica e da medicina laboratorial (1,2,4). O desenvolvimento dos testes point-of-care, com ênfase na automação robótica modular, e dos biochips, que, uma vez implantados nos pacientes, podem fornecer milhares de informações necessárias sobre suas condições de saúde, vai continuar influenciando os rumos da profissão (2). Paradoxalmente, nessa fase de grande progresso da medicina, os especialistas enfrentam questionamentos sobre a necessidade de sua participação nos laboratórios, pois poderiam ser substituídos pelos modernos aparelhos auto-analisadores que liberam resultados corretos dos exames (3).Estas projeções, mantidas as devidas proporções, reproduzem observações de outros centros. Burke, para conter o diapasão do pessimismo, recorre às históricas contribuições do passado para assegurar que a investigação laboratorial irá predominar neste século (2). O advento de novas metodologias diagnósticas na patologia clínica -especialidade médica em evolução -vai exigir dos especialistas, entretanto, novos aprendizados para manter seus serviços competitivos (1, 2, 4, 6).Ocorrências que desestabilizam o mercado de trabalho, apesar de relevantes, não foram adequadamente discutidas em nosso meio. Os episódios, ainda recentes, das capitalizações, aquisições e/ou fusões de laboratórios de porte, originando as primeiras corporações na área diagnóstica, intensificam apreensões sobre o futuro da profissão. O ganho em escala, favorecido pela concentração de grande número de exames numa única central de alta tecnologia, reduz os custos operacionais (2) e diminui a disponibilidade de vagas na área. Especula-se inclusive sobre o agravamento do quadro trabalhista com a disseminação dos postos de coleta destas corporações.Merece reflexão a participação cada vez mais ostensiva de grandes laboratórios que, percorrendo longas distâncias, oferecem serviços de apoio, proporcionando exames a custos acessíveis. Apesar de reconhecer esta substancial contribuição, não se sabe até que ponto estes prestadores de serviço continuarão realmente parceiros, restritos neste segmento, ou se irão se transformar em concorrentes, instalando filiais ou postos de coleta nas regiões mais promissoras.No epicentro dessas turbulências, os interessados na especialidade encontram expectativas divergentes sobre a profissão. Discussões genéricas sobre o assunto, num país de dimensões continentais, são impraticáveis devido às condições socioeconômicas tão díspares quanto as oportunidades de trabalho existentes. Alternativas disponíveis em instituições públicas, mistas ou privadas, formas de remuneração, assalariada e/ou autônoma, áreas de atuação em análises clínicas e/ou em ensino e pesquisa impõem a necessidade de fóruns específicos para cada uma das possíveis combinações. Esta abordagem procura oferecer subsídios em análises clínicas de instituições privadas de porte médio.Neste segmento, o per...