RESUMO O artigo analisa, a partir da perspectiva das doulas, sua inserção na assistência ao parto em hospital público de João Pessoa. Trata-se de estudo qualitativo, que utilizou a Tenda do Conto, com seis doulas, para a produção de dados, em 2017. A inserção das doulas no hospital não foi resultante de uma mudança de paradigma assistencial, produzindo resistências. Num cenário hostil à sua atuação, as doulas funcionam como gatilho de tensões entre modelos de cuidado divergentes, o que gera sofrimento nas próprias doulas, demandando estratégias de enfrentamento, a saber: afastarem-se do voluntariado; tornarem-se institucionalizadas; ou serem cooptadas pelo mercado do parto humanizado no âmbito privado.
RESUMO Este artigo analisa a percepção dos profissionais de saúde da maior maternidade do estado da Paraíba acerca da inserção das doulas no processo de cuidado. Trata-se de estudo qualitativo, com 24 profissionais de saúde, cujo instrumento de coleta de dados foi uma entrevista semiestruturada. O papel da doula na assistência à parturiente foi descrito como: oferta de suporte emocional, físico e de informação. Cada uma dessas dimensões disparou tensões com diferentes personagens envolvidas no parto, como psicólogas, fisioterapeutas e médicas. Nesse cenário, as profissionais tencionam a delimitação de técnicas/conhecimentos privativos de cada categoria, a fim de ratificar sua autonomia frente ao surgimento de mais uma figura no cuidado à gestante, sobretudo quando essa personagem coloca em xeque práticas tradicionalmente executadas na obstetrícia. A gênese dessas tensões vai além da presença de um ‘novo’ sujeito na cena do parto, mas é um reflexo da conjuntura obstétrica brasileira, permeada por disputas entre modelos de assistência e por espaços de atuação. Também desperta a necessidade de construção de um cuidado compartilhado e centrado na parturiente.
A inserção da doula é uma das boas práticas incentivadas pela Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal. Esse artigo analisa a atuação do movimento de doulas em João Pessoa-PB na luta pelos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Estudo qualitativo realizado a partir da análise de diários de campo e de fontes secundárias. A conquista da legislação que regulamenta a atuação foi percebida como um avanço, mas as doulas ainda precisam fortalecer sua identidade de grupo. As doulas são importantes agentes mobilizadores de políticas públicas, evidenciando as disputas que interferem na mudança do modelo delineado pela política pública.
Este artigo analisa a experiência das mulheres que tiveram parto domiciliar planejado sob a perspectiva da espiritualidade, compreendida como uma dimensão humana, não necessariamente relacionada a rituais ou dogmas religiosos. Foram entrevistadas 11 mulheres assistidas em seu domicílio em João Pessoa. Os dados foram analisados pela técnica de análise temática. O perfil das entrevistadas evidencia mulheres de classe média, com escolaridade elevada e diversidade religiosa. A decisão pelo parto em casa foi motivada pelo desejo de vivenciar esse momento de forma mais singular e menos medicalizada, numa espécie de fuga do sistema hospitalar, considerado inseguro pelas intervenções desnecessárias e pela ausência de respeito a sua autonomia. Durante a gestação, elas conviveram com sentimentos ambíguos como medos, angústias, tristezas e felicidades. O parto foi considerado o ápice dessa experiência, transformando seu modo de ver e agir no mundo. O medo da morte e a referência à ancestralidade feminina são temas frequentes em seus discursos. Embora esteja longe de ser uma realidade acessível para a maioria das brasileiras, o parto domiciliar planejado mostra-se como alternativa segura para mulheres de risco habitual à assistência ao parto hospitalar medicalizado, possibilitando às mulheres o respeito também à dimensão espiritual.
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