Resumo: O objetivo deste artigo é discutir pressupostos dos conceitos de transdisciplinaridade, translinguagem e transculturalidade. Esses paradigmas, balizados nos princípios da complexidade e nos movimentos de descolonização das práticas sociais contemporâneas, vêm apresentar propostas para a formação de professores de línguas com vistas a rever princípios e epistemologias que, embora consolidados pelas orientações pedagógicas correntes, perpetuam o discurso geopolítico colonialista e configuram-se excludentes e arbitrários.
Palavras-chave:Transdisciplinaridade. Translinguagem. Transculturalidade. introdução ■ O prefixo trans-tem estado em evidência nos últimos tempos, especialmente nas teorias sociais. O que provavelmente motiva esse movimento são as recentes transformações sociais, políticas e culturais ocasionadas por fenômenos atualmente em curso, em geral reunidos sob aparatos conceituais como globalização e tecnologias digitais. A ideia de compressão espaço-temporal que esses conceitos comportam indica também um esmaecimento de fronteiras que favorece o fortalecimento de pensamentos em torno de transposições e transgressões, tornando instáveis as delimitações compartimentadas.
Em 2017, integrantes do grupo de pesquisa Letramentos em inglês: língua, literatura e cultura (Linc) da Universidade Federal de Sergipe realizou um projeto de extensão voltado para professores de inglês da educação básica. Dividido em quatro módulos ao longo do ano, o projeto “Formação continuada de professores de inglês como língua adicional” tinha como objetivo ampliar as oportunidades de ensino e aprendizagem de língua inglesa como prática social. Com base nas ações desenvolvidas ao longo de dois dos módulos ofertados, English through New Literacies e English Language Materials, bem como em apresentações feitas por dois professores de inglês da rede pública em um evento na universidade, o presente trabalho tem como objetivo (re)pensar criticamente as propostas do curso a partir dos relatos das experiências desses dois professores. Para isso, fazemos uso de referenciais teóricos tais como letramentos, multimodalidade, educação linguística crítica, entre outros. Nesse processo, um dos aspectos que chamaram a nossa atenção é o fato de que repensar a formação (continuada) de professores de línguas em uma perspectiva crítica ainda é um grande desafio, já que é preciso (re)pensar constantemente os caminhos e não voltar para o caminho mais conhecido, mais confortável, que aponta a direção certa ou errada, desconsiderando os diferentes contextos em que uma aula de inglês acontece.
Nas últimas duas décadas, o ensino de línguas tem sido analisado considerando as discussões sobre (multi)letramentos crítico (CERVETTI; PARDALES; DAMICO, 2001; COPE; KALANTZIS, 1999; LANKSHEAR; KNOBEL, 2003; LUKE; FREEBODY, 1997). Considerando que essas pesquisas são relativamente recentes, entendo que seja necessário apresentar esses conceitos em cursos de formação continuada de professores para que eles tenham a oportunidade de (re)pensar, (res)significar suas práticas pedagógicas. Neste artigo, analiso as falas dos professores participantes de um curso quanto aos significados de multiletramentos; de crítica e do papel dessas questões no ensino de línguas.
A maioria dos cursos de formação de professores concentra as horas de estágio supervisionado nos semestres finais da graduação. É nesse momento que os professores em formação construirão, de forma sistematizada, o conhecimento sobre ensinar e aprender uma língua a partir da relação que estabelecerão entre seus conhecimentos prévios e as trocas com o professor de estágio supervisionado, o professor da escola parceira, os alunos, e todos os elementos do contexto escolar. Em 2018, a CAPES lançou dois editais de projetos voltados para a formação de professores: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) e Programa de Residência Pedagógica (RP). Com o objetivo de entender como as propostas dos editais foram materializadas na Universidade Federal de Sergipe e como estas influenciam na formação de professores de línguas para a educação básica, especialmente, de inglês, neste artigo são discutidos os seguintes aspectos: a concepção de formação de professor; o papel do coordenador de área, do professor supervisor e do professor em formação; e as influências das propostas do Pibid e do RP na formação de professores de línguas. Análises preliminares apontam para uma ampliação dos processos de formação em virtude das possibilidades abertas pelos dois programas.
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