Este artigo discute a intersecção de raça, gênero e classe na produção das desigualdades vividas por trabalhadoras domésticas no Brasil e como essas desigualdades se acirram em contexto de crise pandêmica. Com base em uma análise de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) e de entrevistas com trabalhadoras domésticas na região metropolitana de Goiânia, examinamos as desigualdades na relação trabalho e família, considerando aspectos relacionados às condições de trabalho, aos usos do tempo e aos arranjos domésticos. Os resultados indicam que a pandemia, precedida e intensificada por um duro contexto de recessão econômica e de ampliação de políticas de flexibilização dos direitos trabalhistas, acentuou desigualdades historicamente estruturantes da ocupação. Esses elementos incidem sobre o cotidiano das trabalhadoras domésticas, reorganizando os arranjos domésticos e suas vivências temporais.
Este artigo discute a relação trabalho e família vivenciada por trabalhadoras domésticas no Brasil a partir de análise de bases de dados governamentais e entrevistas semiestruturadas com trabalhadoras domésticas. A pesquisa indica que as trabalhadoras acumulam trabalho doméstico remunerado e não remunerado ou recorrem a outros arranjos que não alteram a dinâmica de relações de subordinação e as normas de gênero na articulação entre trabalho e família. A ampliação e efetivação da legislação trabalhista para a categoria requer políticas que visem a socialização e a desgenerificação dos custos do cuidado.
O artigo analisa o trabalho, as trajetórias e os processos migratórios de trabalhadoras domésticas que moram nas residências em que trabalham. Trata-se de um estudo de caso na cidade de Goiânia-GO. Com trajetórias marcadas pela pobreza e o trabalho doméstico infantil, as trabalhadoras, em maioria jovens, negras e migrantes, encontraram na migração uma oportunidade de acesso a melhores condições de trabalho e aumento de renda. A moradia na casa dos patrões pessoaliza a relação de trabalho, fazendo com que as subjetividades interfiram na efetivação dos direitos conquistados pelas trabalhadoras domésticas. A efetivação desses direitos é fundamental para que se possa romper com o ciclo de desigualdades que as levaram ao trabalho doméstico remunerado.
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