Introdução
No contexto da pandemia causada pelo Sars-CoV-2, têm-se observado um aumento na prevalência de infecções fúngicas em pacientes acometidos pelo novo coronavírus, aumentando o tempo de permanência hospitalar, bem como a morbimortalidade.
Descrição
Paciente masculino, 63 anos, diabético e hipertenso, tabagista inativo, em pós-operatório recente de desbridamento e amputação de pé esquerdo. Veio ao serviço através de regulação para leito de enfermaria COVID com RT-PCR positivo (05/05/2021). Admitido em uso de oxigênio suplementar com cateter nasal (2 L/min), estabilidade clínica e hemodinâmica, em uso de Ampicilicina/Sulbactam associado a dexametasona por 07 dias. Seguiu com desmame completo do suporte de oxigênio, eupneico em ar ambiente. No quinto dia de internamento, apresentou quadro de edema assimétrico ao nível da raiz da coxa com posterior diagnóstico de síndrome compartimental, sendo necessário realização de fasciotomia descompressiva. No vigésimo sexto dia de internamento, paciente apresentou novo quadro de desconforto respiratório associado com taquicardia, secreção de aspecto purulento em ferida operatória, sendo optado por iniciar Meropenem empírico e exames para identificação de agente etiológico. Nos exames de rastreio: hemoculturas positivas para Trichisporon asahii (27/05/2021), urocultura positiva apresentando pseudohifas e brotamento (03/06/2021), sendo prescrito Micafungina. Encaminhado a UTI, com necessidade de suporte ventilatório e intubação orotraqueal, uso de droga vasoativa, evoluindo posteriormente com desfecho desfavorável e óbito.
Comentários
Baseado nos resultados obtidos e na literatura pesquisada, tem-se a observado uma maior prevalência de infecção fúngica em pacientes com diagnóstico prévio de Sars-CoV-2, principalmente quando associado ao status de diabetes mal controlada, uso prolongado de corticoide e imunodeficiência adquirida. Com isso, é fundamental entender a importância do diagnóstico precoce, do tratamento e do seguimento efetivo para garantir melhor prognóstico.