Cad. Saúde Colet., 2014, Rio de Janeiro, 22 (3): 275-80Resumo O artigo analisou o acesso à saúde indígena em Pernambuco após a criação do Subsistema de Saúde Indígena, hoje gerido pela Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (MS), tendo como foco o povo indígena Xukuru do Ororubá. A partir da sociologia de Pierre Bourdieu, foi realizado um estudo de caso buscando caracterizar as "relações de poder" como fator dinâmico associado ao acesso, utilizando-se entrevistas, grupos focais, análise documental e observação direta. Identificou-se que essas relações nos campos micro e macro da saúde indígena constituíram elementos importantes na garantia do acesso à saúde. A posição ocupada pelos indígenas nesse campo, resultado de longos anos de relações conflituosas com a sociedade e o Estado, alterna entre a subalternidade e a busca de autonomia, aspectos constituintes do habitus Xukuru que os orienta frente às necessidades de acessar a saúde. O exercício do poder no acesso à saúde foi associado aos diferentes tipos de capital ativos no campo da saúde indígena. O capital cultural étnico surgiu ora como elemento facilitador, ora dificultador do acesso, dependendo dos fatores dinâmicos e do espaço de relações que o requereram.Palavras-chave: acesso aos serviços de saúde; sistemas de saúde; saúde de populações indígenas; poder. AbstractThe paper analyzes the access to indigenous health in Pernambuco after the creation of the Indigenous Health Subsystem, today managed by the Indigenous Health Special Secretariat of Ministry of Health, focusing on the Xukuru indigenous people of Ororubá. From the sociology of Pierre Bourdieu, a case study trying to characterize the "power relations" as a dynamic factor associated with access, using interviews, focus groups, direct observation and document analysis was conducted. It was found that these relationships at the micro and macro fields of indigenous health were important elements in ensuring access to health. The position occupied by the Indians in this field, the result of long years of conflicting relations with society and the State, alternates between the subalternity and the search for autonomy, constituent aspects of Xukuru habitus that guides them front the needs to access health. The exercise of power in access to health was associated with different types of capital assets in the field of indigenous health. The ethnic cultural capital emerged either as a facilitator, or complicating issue to the access, depending on dynamic factors and on the space relationships that have required it.
RESUMOEste artigo explora as relações entre educação e saúde, focalizando como esses dois campos foram articulados em torno de projetos de desenvolvimento nacional, defendidos por grupos sociais em disputa no novo arranjo político inaugurado com a tomada de poder por Getúlio Vargas, em 1930. Educar a população rural era uma bandeira tanto para os defensores da "nação-potência agrária" como para os que defendiam a industrialização como base para o desenvolvimento nacional. As imagens socialmente construídas sobre o camponês o associavam à precariedade, à ignorância, à doença e à indolência, tal como o personagem Jeca Tatu. Educar, nesse contexto, adquiria o sentido de civilizar e de sanar os rurais das mazelas que assolavam o campo. Corria a notícia de que em Pernambuco havia uma escola rural modelo, cuja experiência era divulgada pelo seu jornal, O Semeador. A essência das práticas educativas desenvolvidas na Escola Rural Alberto Torres estava na transformação das práticas e costumes dos rurais, utilizando a educação moral e higiênica para formar o "novo homem do campo", mais saudável e mais produtivo.Palavras-chave: educação; rural; higiene; desenvolvimento; socialização. ABSTRACTThis article explores the connections between education and health, focussing on how these two fields were articulated around national development projects, which were defended by disputing social groups, in the new political arrangement inaugurated by Getúlio Vargas' rise to power, in 1930. Educating the rural population was an aim pursued by the defenders of the "agrarian potency-nation" as well as by those who defended the industrialization as a base for the national development. The socially constructed images about the farmer would associate him with precariousness, ignorance, diseases and indolence, likewise the character Jeca Tatu. Educating, in this context, would acquire the sense of civilizing and remedying the illnesses which devastated the countryside. It was widely spread that in Pernambuco existed a rural school model, whose experience would be known through the school newspaper O Semeador. The essence of the educational practices developed in the Alberto Torres Rural School was in the transformation of the rural people's practices and habits, using moral and hygienic education to form the "new countryman", healthier and more productive.
O artigo visa apresentar os resultados de uma pesquisa acerca das aprendizagens no âmbito das práticas do Programa Mais Educação em uma escola em Jaboatão dos Guararapes-PE. Para tanto, foram feitas observações e entrevistas aos sujeitos na escola (equipe de gestão, professores, a coordenadora do programa na escola, monitores e alunos) e na secretaria municipal. O contexto político também é analisado, sucintamente, como elemento para compreensão dos discursos, como propõe Stephen Ball. Assim, o estudo articula a perspectiva política e seus efeitos no contexto da prática. Nas respostas, destacaram-se os discursos em torno do gosto pelos estudos, de acordo com Bernard Charlot. As atividades artísticas foram apontadas como fundamentais para esse processo, sobretudo no que tange à produção de textos. Para os entrevistados, houve melhora dos alunos tanto no relacionamento entre eles, dos alunos com os professores, como também no desempenho escolar.
A teoria dos processos civilizadores de Norbert Elias aporta um modelo analítico suportado por conceitos e noções, tais como figuração, interdependência, habitus, trajetórias, relação estabelecidos-novatos, entre outros. Mesmo não tratando diretamente das questões relacionadas à educação, elas aparecem como pano de fundo de seus estudos sobre as sociedades europeias. Nosso ponto de partida é mostrar alguns usos das ferramentas desse modelo analítico nas pesquisas sobre educação, escolarização e sobre juventudes. Na continuidade apresentamos uma questão importante e atual que desafia nossos sistemas educativos: a crítica a um projeto educacional que é monocultural em sociedades compostas por grupos sociais diversos, em que as histórias e culturas dos povos originais e afrodescendentes são ignoradas. Esse problema revela alguns limites da teoria dos processos civilizadores. Como alternativa teórica para a pesquisa em educação discutimos os aportes do pensamento decolonial, teoria que vem sendo produzida por pesquisadores não europeus, especialmente latino-americanos. Os conceitos de colonialidade e de interculturalidade do pensamento decolonial geram propostas de enfrentamento ao eurocentrismo, em sua roupagem de projeto de modernidade, que seduz elites e classes sociais latino-americanas, mas que está a serviço da globalização neoliberal e ocidentalização do mundo.
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