Em O futuro de uma ilusão, Freud analisa a natureza psíquica das ideias religiosas como ilusões e questiona se a relação dos indivíduos com o Estado e demais instituições não seria de caráter igualmente ilusório, aproximando-se de Marx que afirma ser a relação do Estado e do Direito com a sociedade, no capitalismo, mediada por ilusões geradas pela inversão constituinte da realidade social, que faz com que estas instâncias apareçam como autônomas, independentes e necessárias frente à própria sociedade que as constituiu como tais. Em uma investigação histórico-lógica da natureza do Estado e do Direito, revela-se seu caráter essencialmente classista e ideológico determinado pelo capitalismo.
O artigo objetiva investigar a relação entre secularismo e religião na sociedade burguesa à luz do problema da emancipação humana, a partir de escritos do jovem Marx, como, por exemplo, Sobre a Questão Judaica, Crítica da Filosofia do Direito de Hegel – Introdução, entre outros, que dizem respeito ao momento inicial de seu pensamento crítico; além de A Ideologia Alemã, obra posterior em que Marx retoma algumas das discussões iniciadas naquele período. A novidade trazida por Marx para o debate tradicional entre secularismo versus religião é que tudo isso só pode ser pensado a partir da emancipação humana, e não apenas da emancipação política. A sobrevivência da religião na modernidade não significa um desvio da secularização na história moderna, uma traição à Filosofia das Luzes ou mesmo um antagonismo em relação à emancipação política. Ao contrário, ela é consequência de uma secularização que não enfrentou as contradições de uma sociedade capitalista. Por um lado, Marx considerava a religião o “ópio do povo”, e que toda crítica teria como modelo a crítica à religião. Por outro, entretanto, a religião não deixava de ser, ao mesmo tempo, um grito de revolta contra uma sociedade excludente e a miséria de um mundo. A hipótese, portanto, a ser investigada neste artigo é que a análise da religião, em Marx, não se reduz meramente a um anticlericalismo de sua época, uma vez que tem como horizonte a emancipação humana, e não apenas política. Não se trata, em Marx, de um simples combate entre as luzes e as trevas no plano das consciências, e, sim, acima de tudo, de uma crítica às contradições da sociedade burguesa. Marx não possui de forma sistematizada uma teoria crítica da religião. Deste modo, sistematizaremos determinadas discussões que Marx apresentou ao longo de seus escritos, objetivando investigar a problemática proposta neste artigo.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2025 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.