OBJETIVO: Verificar o risco de trabalhadores metalúrgicos para desenvolver alterações vocais, e se tais alterações estariam relacionadas a fatores ambientais de seu local de trabalho. MÉTODOS: Duzentos e oitenta metalúrgicos responderam a um questionário sobre o ambiente de trabalho, sintomas vocais, hábitos vocais negativos, aspectos vocais, auditivos e saúde geral. Após a entrevista realizou-se uma triagem vocal, classificando-se a voz em adaptada ou alterada. Foi realizada análise estatística de correlações entre variáveis. RESULTADOS: Considerando o ambiente de trabalho, 278 (99,3%) dos metalúrgicos referiram estar expostos a ruído, 194 (69,3%) a produtos químicos, 244 (87,1%) a poeira e 171 (61,1%) a fumaça. Quanto aos sintomas vocais mais citados, 204 (72,9%) referiram ter garganta seca, 193 (68,9%) dor ou irritação na garganta, 185 (66,1%) pigarro, 163 (58,2%) episódios de rouquidão e 141 (50,4%) tosse. Os resultados da triagem vocal indicaram que 226 (80,7%) dos metalúrgicos apresentaram vozes adaptadas e 54 (19,3%) vozes alteradas, o que sugere elevada ocorrência de possível alteração vocal. A análise estatística revelou relação significante entre as médias das idades, tempo de trabalho e o tempo máximo de fonação dos metalúrgicos em relação às vozes alteradas, mostrando que quanto maior a idade e o tempo de trabalho, menor o tempo máximo de fonação. Também encontramos resultados estatisticamente significantes na correlação voz alterada e referência de exposição à poeira, rouquidão, garganta seca e pigarro. CONCLUSÃO: Os trabalhadores metalúrgicos apresentaram elevada ocorrência de alterações vocais, que podem estar relacionadas ao ambiente de trabalho e contribuir para o desenvolvimento de disfonia.