Resumo Este artigo tem por objetivo analisar os níveis de ambiguidade e conflito em relação aos objetivos e meios necessários à implementação dos Serviços Farmacêuticos (SeFar) no âmbito da Atenção Primária à Saúde no município do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados por meio de entrevistas-semiestruturadas com 14 atores-chave, realizadas em 2018. Os resultados foram interpretados com base na análise temática de conteúdo e à luz do modelo ambiguidade-conflito de análise de implementação. Quanto aos objetivos dos SeFar, houve alto consenso intracategorias, porém baixo intercategorias. Quanto aos meios, foram identificadas divergências importantes intercategorias e consenso quanto a aspectos relevantes como a insuficiência de recursos financeiros e humanos. Os conflitos identificados resultam especialmente da falta de clareza de outros atores mais afastados do nível local ou de outras categorias profissionais, sobre o papel dos SeFar. Assim, considera-se que houve predomínio de características de “implementação experimental”, apresentando alta ambiguidade quanto aos objetivos e meios dos SeFar num ambiente de médio conflito e fortemente dependente dos recursos disponíveis no nível local. Também apresentou alguns atributos de “implementação política”, uma vez que em determinadas circunstâncias os resultados sofreram influência do contexto político, condicionados por conflitos em relação aos meios para a consecução dos SeFar.
Introdução: A resistência microbiana (AMR) é um grave problema de saúde pública da atualidade. Estima-se que será uma das principais causas de morte nas próximas décadas. Objetivo: Analisar o perfil do consumo ambulatorial de antimicrobianos (AMB) nas farmácias e drogarias privadas no Brasil à luz do PAN-BR e da pandemia de COVID-19. Método: Realizou-se estudo longitudinal, retrospectivo, por meio do uso de dados secundários referentes às vendas de AMB de uso sistêmico nas farmácias e drogarias privadas no Brasil, no período de 2017 a 2020, registrados no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). O consumo de AMB foi expresso pela quantidade de vendas e DDD por 1000 habitantes por dia (DID). Foi utilizado um conjunto de indicadores para analisar a qualidade do consumo ambulatorial de AMB. Resultados: Entre 2017 e 2019 houve aumento discreto do consumo de AMB, seguido de queda expressiva em 2020, considerando o volume de vendas e DID em cada ano. A maioria dos consumidores eram adolescentes e adultos do sexo feminino, sobretudo em 2020. Houve mudança na distribuição das vendas de AMB entre as macrorregiões do Brasil no ano da pandemia. A região Norte aumentou sua participação nas vendas, impulsionada pelos estados Roraima, Acre e Amapá. Houve predomínio da prescrição de AMB por médicos, no entanto destaca-se a maior proporção de dentistas prescrevendo AMB em 2020. Segundo a classificação AWaRe, o consumo de AMB do grupo acesso se manteve próximo de 60% ao longo do período. Houve aumento relativo do grupo acesso entre 2017 e 2019, todavia, em 2020, a proporção de vendas dos AMB do grupo alerta ampliou. Quanto aos indicadores de qualidade, observou-se tendência de aumento e predominância do consumo do grupo das penicilinas (J01C), de 2017 a 2019, porém com valores próximos ao consumo dos grupos das quinolonas (J01M) e dos macolídeos, lincosamidas e estreptograminas (J01F). Em 2020, o consumo do grupo J01F aumentou em 21%, superando os demais grupos. Considerando os indicadores de consumo relativo, observou-se uma proporção de uso maior de penicilinas de maior espectro em detrimento das de espectro estreito; as cefalosporinas de 3ª geração e, sobretudo, os macrolídeos tiveram um aumento significativo no consumo relativo em 2020. As fluoroquinolonas tem grande participação no consumo de AMB no Brasil, porém tem apresentado tendência de queda. A razão entre AMB de espectro amplo e estreito (razão A/E) ficou em torno de 3 durante todo o período, sendo cerca de 3 vezes superior entre os dentistas. As regiões Sudeste e Sul, até 2019, tinham uma razão A/E maior que as demais regiões. No entanto, no ano da pandemia as regiões Norte e Nordeste tiveram um aumento importante deste indicador, enquanto no Norte e Sul reduziu. O centro-Oeste do país manteve o padrão de aumento durante todo período. Os AMB mais vendidos nos 4 anos de análise forma azitromicina, amoxicilina e amoxicilina com clavulanato. A azitromicina disparou nas vendas em 2020, sendo o AMB mais vendido no ano em que iniciou a pandemia. Conclusão: O consumo ambulatorial total de antimicrobianos no Brasil foi inferior ao de diversos países, ainda que não pareça ocorrer da forma mais apropriada. Parece haver uma incipiência na implantação de estratégias para promoção do uso apropriado de AMB no nível ambulatorial, mesmo na vigência do PAN-BR. A pandemia parece ter influenciado tanto a quantidade consumida quanto o perfil de utilização de AMB no Brasil.
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