A alimentação e a nutrição adequadas são fundamentais para a promoção e a proteção da saúde, podendo determinar as condições de saúde de indivíduos e coletividades de diversos modos. A despeito dos avanços conquistados no Brasil - no que tange à realização do direito humano à alimentação adequada (DHAA) e à concretização da segurança alimentar e nutricional (SAN) - vêm-se observando, desde 2016, o enfraquecimento e o desmonte das políticas públicas de garantia de direitos e fortalecimento de sistemas alimentares sustentáveis. Tal cenário contribui para o aumento da pobreza e a piora das condições de vida de consideráveis parcelas da população. Os dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017-2018) mostram que a prevalência de insegurança alimentar no país aumentou para 36,1% (era 22,9% em 2013), sendo que 3,1 milhões de famílias vivenciaram a experiência da fome no período analisado. Essa situação se agrava em função da crise política e da crise sanitária causada pela pandemia da COVID-19. Nesse contexto, torna-se premente a reflexão sobre quais são as perspectivas no país em relação à garantia do DHAA e da SAN, especialmente para os grupos mais vulneráveis, considerando dimensões como acesso à alimentação, renda básica, programas de transferência de renda, sistemas e ambientes alimentares e mecanismos de participação e controle social.
Introdução: Em dezembro de 2019, um novo vírus infeccioso denominado Sars-Cov-2 e relacionado à Síndrome Respiratória Aguda Grave foi identificado na China. A Organização Mundial da Saúde (OMS) designou como Covid-19 a infecção causada por esse vírus. Diante da rápida propagação, no dia 11 de março de 2020, a OMS declarou estado de pandemia e exigiu que medidas de isolamento social fossem tomadas com o intuito de evitar sua disseminação. Nesse cenário, várias mudanças ocorreram no cotidiano das pessoas, inclusive em relação à alimentação. Objetivo: O objetivo deste estudo foi caracterizar as ações de educação online relacionadas a saúde, alimentação e nutrição durante o isolamento social devido à pandemia da Covid-19, com o intuito de descrevê-las conforme público-alvo, objetivos e meios de comunicação. Métodos: Estudo exploratório, que dispõe de pesquisas sobre ações em saúde, alimentação e nutrição realizados durante a pandemia do novo coronavírus em plataformas digitais oficiais. Resultados: Cinquenta e três ações identificadas atenderam aos critérios de inclusão do estudo e foram divididas em quatro grandes temas: Higiene e manipulação de alimentos; Patologias específicas de interesse da área de Alimentação e Nutrição; (In)segurança alimentar, aleitamento materno e gestação; e Educação alimentar e nutricional e orientação para profissionais da área de nutrição. Conclusão: É necessário elaborar instrumentos de comunicação e educação em saúde, com o objetivo de apoiar profissionais e demais indivíduos durante as práticas de saúde. Nesse contexto, os materiais expostos no presente estudo são importantes para amenizar as consequências da pandemia.
Introdução: A Política Nacional de Alimentação e Nutrição é marcada por crescente implementação de ações, programas e iniciativas que buscam atender às necessidades e particularidades impostas pela conjuntura do país, contexto alimentar e nutricional da população, e respondem às oportunidades de construção da agenda de trabalho. A Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde é responsável, enquanto gestão federal em saúde, pelo estabelecimento das orientações referentes à implementação da Política, das prioridades em prol da saúde e nutrição da população, além de apoiar estados e municípios na efetivação das ações, programas e iniciativas em sua esfera de atuação. Objetivo: Descrever os principais avanços da agenda de A&N, no contexto da pandemia de Covid-19, a partir dos dispositivos legais homologados em âmbito da gestão federal e apontar perspectivas futuras. Desenvolvimento: A partir da descrição do contexto e avanços das ações, programas e agendas impulsionadas pela gestão federal da Política nos últimos dois anos, são apresentadas as perspectivas da política e seus avanços, bem como os desafios e oportunidades para os próximos anos, no contexto do Sistema Único de Saúde. Considerações finais: Os anos de 2020 e 2021 foram fortemente marcados pela pandemia de Covid-19, trazendo impactos para a saúde da população e desafios para a gestão pública em saúde. No contexto da agenda de alimentação e nutrição no Sistema Único de Saúde, foi preciso vislumbrar janelas de oportunidade política para fortalecimento da agenda.
Descrever a evolução das práticas alimentares não saudáveis entre adolescentes nas três últimas versões da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Estudo ecológico, no qual foram estudadas questões referentes ao consumo de refrigerante, guloseimas, ultraprocessados, hábito de comer enquanto assiste televisão e hábito de realizar refeições acompanhado do responsável. Houve redução do consumo de guloseimas (9,1%), refrigerante (8,2%) e de ultraprocessados (9%), sendo este último com maior redução observada na região Nordeste. Alunos com mães de ensino superior completo apresentaram redução de 3,5% no consumo de ultraprocessados, e de 12,2% entre os alunos com mães de ensino fundamental completo. Embora tenha sido observada redução no consumo de alimentos não saudáveis, a ingestão destes alimentos ainda foi significativamente alta em 2015. Considerando a associação entre alimentação não saudável com o desenvolvimento de doenças crônicas, é fundamental que sejam desenvolvidas estratégias de práticas alimentares saudáveis no contexto escolar.
Introdução: Estima-se que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e seus agravos sejam responsáveis por aproximadamente 70% das mortes no mundo. A falta de prevenção e de gerenciamento adequado dessas patologias acaba demandando assistência médica de custos crescentes, em função da permanente incorporação tecnológica. No que diz respeito à saúde do trabalhador, o aumento da prevalência dos casos de DCNT pode resultar em absenteísmo e invalidez e repercutir na qualidade do trabalho ofertado. Objetivo: Avaliar a presença dos fatores de risco para DCNT em agentes comunitários de saúde (ACS). Métodos: Trata-se de estudo transversal desenvolvido em município do estado de Minas Gerais. Foram entrevistados 139 ACS, que responderam a um questionário com perguntas fechadas e pré-categorizadas. Foram aferidos a circunferência da cintura, o peso e a estatura, e foram calculados o índice de massa corporal (IMC), o índice de conicidade e a relação cintura/estatura. Resultados: O excesso de peso esteve presente em 56,1% dos entrevistados, dos quais 30,2% eram obesos. Ademais, 51,8% dos ACS foram classificados como sedentários, e 14,4% relataram ser fumantes. O risco elevado de desenvolver doença cardiovascular foi observado em 27,27% dos ACS do sexo masculino e em 57,81% dos do sexo feminino. O consumo de pelo menos um alimento ultraprocessado foi relatado por 53,9% dos ACS, e observou-se associação positiva entre o consumo desses alimentos com o estado nutricional (p=0,032). Conclusões: Os resultados mostram significativa prevalência de fatores de risco de DCNT entre os ACS. Considerando-se o impacto dessas doenças para a saúde e a qualidade do trabalho, é fundamental que a vigilância e a prevenção dos fatores de risco estejam presentes na programação de saúde dos municípios.
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