Este artigo apresenta dados de uma pesquisa que teve por objetivo conhecer como um grupo de crianças pomeranas vivenciou a cultura lúdica e enfrentou os desafios no cotidiano, em uma turma de nível II da Educação Infantil de uma escola de Ensino Fundamental, ao longo de 2019. A investigação foi realizada por meio da análise de documentos e da etnografia, tendo a sociologia da infância como referencial teórico. Dentre os resultados encontrados, observamos que a língua foi um fator impactante no processo de inserção na escola, pois dois terços das crianças falavam apenas a Língua Pomerana e um terço era bilíngue em português e pomerano. No decorrer do ano, a Língua Portuguesa foi prevalecendo, o que teve como consequência o silenciamento da Língua Pomerana, caracterizando uma relação de subordinação de uma cultura à outra. PALAVRAS-CHAVE: Crianças e Infância. Comunidade Pomerana. Educação Infantil. Cultura Lúdica.
Este artigo apresenta uma pesquisa a partir do Estado do Conhecimento, cujo objetivo é conhecer as produções acadêmicas sobre povos pomeranos. A busca foi realizada no Banco de Teses e Dissertações da Capes, utilizando os descritores: Educação Pomerana (EP), Cultura Pomerana (CP), Língua Pomerana (LP). Dentre os resultados, ressalta-se: a produção acadêmica sobre pomeranos se concentra nos estados do Espírito Santo e do Rio Grande do Sul; a temática Língua Pomerana é recorrente entre os trabalhos analisados, destacando os desafios no processo de aquisição da escrita e leitura na língua portuguesa; a língua pomerana, por vezes, é referida como dialeto, indicando um estigma pejorativo. Destaca-se o crescimento de pesquisas sobre pomeranos a partir de 2005.
O Brasil é multicultural. Processos homogeneizadores tentam de longo prazo, padronizar os modos de vida, invisibilizam diferenças e negam especificidades de diferentes grupos sociais. A lógica da homogeneização naturaliza a idéia da igualdade. Esse modo de compreender a realidade brasileira escamoteia e silencia os grupos minoritários. O povo pomerano é um povo camponês. Sua relação com a terra e o território tem modos próprios de ser vivenciada. A realidade distinta configura a condição de ser um dos segmentos dos Povos e Comunidades Tradicionais. Ao longo dos tempos, desde a proposição padronizadora da modernidade á atual conjuntura, os modos de vida desses grupos sofrem ameaças de homogeinização cultural por parte do Estado. O presente trabalho pretende abordar as relações de silenciamento e negação cultural produzidas pelas práticas opressivo-padronizadoras vividas pelos pomeranos. Em nossa compreensão há uma relação direta entre o papel padronizador- homogeneizador do Estado e os casos de negação identitária. O processo de auto-reconhecimento cultural, linguístico e de valorização das tradições dos Povos se coloca como um ato de emancipação cultural e uma forma de enfrentamento das políticas padronizantes da modernidade. O direito a diferença, a permanência no espaço, a manutenção das tradições, ao uso da língua materna nos espaços oficiais e a auto-definição são direitos indeléveis.
Este artigo trata sobre os desafios da manutenção da Língua Pomerana, a partir do ingresso das crianças na escola regular. Por meio de observação participante, investigamos duas turmas de pré-escola em duas escolas municipais, localizadas nos municípios de São Lourenço do Sul e Can- guçu, ambos pertencentes ao território da Serra dos Tapes-RS. Abordamos os princípios dos direitos linguísticos das comunidades tradicionais e a importância de salvaguarda da língua materna (CUNHA, 2000; MORELLO, 2009; TRESSMANN, 2005). Identificamos que nas escolas observada, uma forte presença do letramento ideológico (STREET, 2003, 2009) promovendo um silenciamento linguístico produzido pela imposição da língua majoritária e ausências de políticas públicas de for- talecimento da língua materna.
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