Durante a pandemia da COVID-19, a busca por instrumentos de cura e prevenção da doença culminou com o uso exacerbado, dentre outros fármacos, da azitromicina. O mesmo foi utilizado, junto à hidroxicloroquina, inicialmente no tratamento hospitalar da COVID-19, contra as infecções pulmonares secundárias. Contudo, apesar da comprovação de sua ineficiência no tratamento contra o coronavírus, ele continuou a ser administrado tanto em alguns ambientes hospitalares quanto por pacientes sem prescrição médica. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi analisar as consequências do uso não racional da azitromicina durante a pandemia da COVID-19 na seleção de cepas resistentes. Foi realizada uma revisão narrativa de literatura, balizada na temática central da ação da azitromicina, da resistência antimicrobina e do uso indiscriminado do fármaco na pandemia de COVID-19 nas plataformas Google Acadêmico, National Library of Medicine (PubMed), Portal de Periódicos da CAPES e da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Dessa forma, a azitromicina mostrou-se como o antibacteriano mais utilizado durante a pandemia e, junto à dispersão de desinformações sobre o uso de medicamentos para tratamento do SARS-COV2, resultaram em elevados índices de automedicação. Destarte, concluiu-se que o aumento da pressão seletiva sobre as bactérias, resultado do uso exacerbado desses medicamentos, é perigoso, uma vez que tende a promover, especialmente no caso dos macrolídios, resistência antimicrobiana. Ademais, este estudo enfatizou os perigos da automedicação no delicado contexto epidemiológico global, no que tange ao aparecimento crescente de cepas bacterianas resistentes, o que reforça a demanda por mais estudos sobre este tema.