O abuso sexual é considerado um problema de saúde pública, ocorrendo em qualquer situação de contato sexual não voluntário, com ou sem penetração ou toque, que ocorra por força física, coerção ou incapacidade de consentimento. Este trabalho buscou realizar um estudo sobre o perfil clínico-epidemiológico em adolescentes vítimas de violência sexual que cursaram com gestação. As informações para este trabalho foram obtidas através da análise de prontuários em um serviço voltado para vítimas de violência sexual. Houve gestação em 96 das pacientes, sendo a maioria procedente do interior do estado. A maior parte dos abusos foi cometida de forma aguda e pelo companheiro da vítima. Na maioria dos casos houve consentimento pelas vítimas. As principais complicações maternas apresentadas foram pré-eclâmpsia, eclampsia e abortamento, ocorrendo este último de forma legal em alguns casos. Não houve óbitos maternos. Dentre as intercorrências neonatais, houve prematuridade, baixo peso ao nascer, infecção neonatal, malformação, e internação em unidade de cuidados intermediários e intensivos. Dois recém-nascidos cursaram com óbito. Portanto, esta pesquisa apresentou as características das vítimas adolescentes de violência sexual que evoluíram para gestação, bem como as intercorrências apresentadas por elas e pelos recém-nascidos quando estes nasceram no hospital em que a pesquisa foi realizada.