O artigo apresenta leituras de dois romances, Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, e São Bernardo, de Graciliano Ramos, conectando-os aos problemas levantados pela Educação do Campo. Mostra-se pertinente tal articulação tendo em vista: o panorama histórico presente na obra de Lima Barreto, fazendo ver a produção da situação agrária no Brasil da Primeira República; os papéis que a educação e a escola apresentam em São Bernardo, por um lado, enquanto dispositivo de adestramento das pessoas que vivem e trabalham no campo, em acordo com a soberania do proprietário, por outro, enquanto meio de desestabilização de um estado de coisas que privilegia à propriedade em detrimento da existência dos povos do campo. O uso que se faz dos romances está em acordo com a perspectiva de que a literatura se apresenta, a um só tempo, como análise do estado de coisas e meio de intervenção no mesmo. Trata-se, aí, como diz Lima Barreto, de literatura militante.
Este artigo, desenvolvido a partir de um trabalho etnográfico junto aos Ashaninka do rio Amônia, trata do lugar da escola na produção contínua da “vida em comunidade”, novidade recentenas dinâmicas da socialidade ashaninka, e que se opõe diretamente ao seu passado imediatamente anterior, quando se vivia no “tempo dos patrões”. Busco apresentar o papel que a escola desempenhou na atração dos núcleos familiares e a maneira como as mantém na “Apiwtxa”, traduzível por “nós juntos”, que dá nome tanto à comunidade, quanto à associação indígena. Afirmo que viver em comunidade, em torno de uma escola, se traduz na produção de uma força que pretende impedir ativamente o retorno à exploração pelos patrões e, portanto, um meio de reconstruir sua autonomia.
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