Neste artigo, mostro que, contrariamente à Biberauer & Roberts (2010), o português brasileiro (PB) ainda tem o movimento de verbo nas construções de futuridade, mesmo que parcialmente. Argumento que o processo de analiticização de futuridade no PB desencadeou perda de movimento a um núcleo funcional mais alto (TP), muito embora o verbo continue se movendo para um núcleo funcional mais baixo, WollP. Para tanto, mostro que o futuro sintético existente no PB, residual, não veicula temporalidade, e que o licenciamento da elipse de VP e a ordem do advérbio ‘sempre’ sugerem que o pouso do verbo foi alterado.
In this paper, we present a novel formal approach to overregularisation (e.g. fazi “doed”, trazi “bringed”) in Brazilian Portuguese (BP), a phenomenon widely attested in children’s production. Three previous accounts for this phenomenon are also reviewed and at least partially rejected. The first explained overregularisation on the basis of Minimize Exponence (an economy principle in Distributed Morphology) not being followed by children; the second achieved the same goal by positing constraint ranking (a main feature in Optimality Theory) that is faulty in children’s grammar when compared to adult knowledge; and the third analyses BP through the framework of Grammar Competition. Our main departures with these approaches are that the first two a) are dependent on children’s breaking of the theoretical principles just mentioned; b) no learning mechanism is ever discussed to justify this; c) although both describe a system that indeed produces overregularised forms, they fail to predict or capture the three stages of the U-shaped curve, being an explanation solely of its dipping section and not of children’s development; and that the third d) only deals with noise but not exceptions, the main point of the overregularisation process. In an attempt to remedy those perceived flaws, our approach keeps theoretical principles intact, maintaining parity with adult competence and addressing points a) and b). Furthermore, we integrate the chosen descriptive toolkit of Distributed Morphology and general cognitive biases/abilities in the form of Biberauer’s Minimise Maximise Means and Yang’s Tolerance Principle (TP) in order to explain the developmental path of BP acquisition takes throughout the U-curve, thus addressing points c) and d). Finally, we argue that our proposal is naturally compatible with the notion of grammar competition by virtue of assuming TP, which might explain why children do not categorically overregularise irregular verbs, but rather do so at a given rate.
Resumo: Este trabalho investiga as propriedades sintáticas internas (isto é, a constituição morfofonológica) e externas (ou seja, a relação com outros constituintes da sentença) dos infinitivos que ocorrem com os verbos ir, dever e poder. Mais especificamente, este artigo mostra que o comportamento sintático e semântico desses infinitivos é capturado pela depreensão de três propriedades principais, a saber, (i) formação de uma única unidade sintática com ir, dever e poder, (ii) dependência morfossintática com o verbo auxiliar/modal que lhe subcategoriza, (iii) interpretação de evento em potencial. Assim, partindo desse recorte, o presente estudo propõe uma análise à luz do quadro da Morfologia Distribuída (HALLE; MARANTZ, 1993) e, alternativamente, uma análise que assume os pressupostos do Programa Minimalista (CHOMSKY, 1993), com o objetivo de mostrar que, independentemente da teoria que se assume, com base no mesmo conjunto de traços, os fenômenos empíricos que subjazem à relação entre ir, dever e poder e seus infinitivos pode ser capturada. Palavras-chave: infinitivos; verbo auxiliar; verbo modal.Abstract: This paper investigates both internal (i.e. the morphophonological structures) and external (i.e. the relation with the other constituents of the sentence) syntactic properties of infinitives occurring with the verbs ir (‘go’) dever (‘must’) and poder (‘can/may’). More specifically, this paper shows that the syntactic and semantic behavior of those infinitives is captured by three major properties, namely, (i) the constituency of a single syntactic unit with ir, dever and poder, (ii) the morphosyntactic dependency on the auxiliary/modal that is selected, (iii) the reading of potential event. Thus, departing from those properties, the present study proposes a Distributed Morphology-based approach (HALLE; MARANTZ, 1993) analysis and, alternatively, a Minimalist-based approach (CHOMSKY, 1993) analysis, in order to show that, regardless the theory assumed, by considering the same group of features, the empirical phenomena underlying the relation between ir, dever and poder and their infinitives can be captured.Keywords: infinitives; auxiliary verb; modal verb.
Considerando o português adquirido naturalmente como L1 e o ensinado nas escolas como L2, dados orais e escritos de: a) crianças em fase de aquisição; b) estudantes entre a 1ª a 8ª série; e c) acadêmicos; foram analisados, haja vista as expressões de futuridade: a) futuro sintético; b) “ir” + infinitivo; c) “haver + de”; e d) forma de presente. Ademais, contrastamos esses dados com peças históricas do português brasileiro (PB) entre o século XVI-XXI. Os resultados mostram que o futuro sintético não é adquirido naturalmente e, somente na escrita, quanto maior a escolaridade, maior sua frequência; a estrutura adquirida naturalmente é “ir” + infinitivo, usada tanto na oralidade, quanto na escrita, independentemente do grau de escolaridade. Verificamos também que a escola recupera somente alguns fósseis linguísticos, não todos. Propomos, pois, que a língua-I do letrado consiste na forma “ir” + infinitivo como parte da gramática nuclear e na forma sintética como parte da gramática periférica.
Dentro de uma abordagem formal, há poucos estudos sobre o funcionamento das expressões idiomáticas no português brasileiro. Dentro desse contexto, o presente trabalho tenta reduzir tal carência, analisando algumas expressões fixas condicionadas a um determinado tempo verbal, como é o caso de a Deus dará, será o Benedito, quem me dera, tomara, para citar algumas. Ancorados nos pressupostos da Morfologia Distribuída e argumentando contra a análise funcional de Fulgêncio (2008), mostramos que, muito embora tais expressões tenham um significado não composicional especial, elas não precisam ser armazenadas no léxico como tal, uma vez que sua derivação ocorre como qualquer estrutura morfossintática do português brasileiro – sua interpretação “especial” é desencadeada por instruções contextuais presentes em um componente da arquitetura da gramática, a Enciclopédia. Adicionalmente, trazemos evidências independentes para nossa proposta que resvalam na aquisição de L1, L2 e em perspectivas diacrônicas do português brasileiro.
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