Os processos migratórios geralmente são conhecidos pelo viés macro-político, através da compreensão dos grandes fluxos de mobilidade populacional deles decorrentes. Neste artigo, toma-se como ponto de partida para análise a experiência de um imigrante português processado pelo crime de bigamia, na capital da província mais meridional do Império brasileiro, no início da década de 80 do século XIX. A proposta é, portanto, pensar o tema da mobilidade numa perspectiva microanalítica, constatando estratégias e motivações colocadas em prática pelos agentes sociais no seu enraizamento nas novas terras. O surgimento de tensões, rupturas e (re)constituições de laços de afetos e solidariedades, tanto com aqueles se encontravam distantes ou perto, é algo que também acompanha as experiências dos imigrantes na sociedade de destino.
Resumo: A região amazônica se constituiu como exemplo ímpar de colonização no Novo Mundo. Suas especificidades se conformaram para além dos estabelecimentos coloniais portugueses. Diferentes sujeitos e grupos sociais foram responsáveis pelo desenvolvimento de um cotidiano colonial com características próprias. O status de unidade administrativa autônoma, denominada primeiramente de Estado do Maranhão, não foi a única diferença evocada na relação com o Estado do Brasil. Legislações específicas, diversidade de produtos naturais, alto contingente populacional indígena e a intensa presença estrangeira fizeram desta região um espaço particular no ambiente colonial. Desse modo, o objetivo deste texto é apresentar uma breve reflexão sobre os principais agentes responsáveis pela conformação das fronteiras sociais amazônicas no século XVII, especificamente da região denominada de delta amazônico. Para tanto, apresentaremos algumas análises que procuram dar conta de noções como lugar, espaço, fronteiras e territorialidades de modo a possibilitar uma problematização inicial sobre o estabelecimento de um cotidiano colonial característico daquela região. Em seguida, apresentamos breves considerações sobre as relações estabelecidas entre alguns agentes que compartilharam este vasto território, concorrendo para a (re)configuração de fronteiras sociais naquela região.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.