O s ferimentos descolantes nos membros inferiores caracterizam-se frequentemente como lesões graves, e apresentam dificuldades de decisão sobre qual seria o tratamento mais adequado a ser instituído 1 . Observamos, atualmente, um aumento da incidência de ferimentos descolantes. As lesões são secundá-rias à preensão da extremidade entre uma superfície mó-vel e uma superfície fixa como nos casos de atropelamentos. Há, frequentemente, alta energia envolvida, envolvimento de veículos pesados e alta velocidade associada à pouca proteção (motociclistas) 2 . A pele e o subcutâneo desenluvados ficam presos apenas pela extremidade proximal ou distal do membro. Se não houver avaliação adequada e conduta correta, pode ocorrer insuficiência circulatória seja venosa ou arterial e evolução com necrose do tecido descolado 3 . A circulação da porção avulsionada deve ser avaliada através de parâmetros clínicos, como o sangramento das bordas, a textura da pele e presença de trombose no plexo venoso subdérmico. Pode-se ainda utilizar a fluoresceína para corar a parte viável do tecido, permitindo assim a identificação da porção a ser ressecada do retalho 3 . A limpezada ferida e o simples reposicionamento e sutura do retalho à posição original resultam geralmente na necrose do tecido avulsionado, levando à perda do retalho, maior risco de infecção, aumento da morbidade, necessidade de novas áreas doadoras, aumento do núme-ro de procedimentos cirúrgicos e prolongamento da internação. Segundo a literatura, a conduta mais apropriada consiste em completar a ressecção do tecido descolado, emagrecer este tecido, retirar a gordura deste tecido, deixando somente a pele com espessura total ou parcial e realizar a re-enxertia desta pele assim preparada como enxerto em malha, sobre o leito cruento, no mesmo ato cirúrgico [1][2][3][4][5] . Estas considerações são encontradas na literatura especializada de maneira esparsa, mas ainda não é usual
CONTEXT: Complications from diabetes mellitus affecting the lower limbs occur in 40 to 70% of such patients. Neuropathy is the main cause of ulceration and may be associated with vascular impairment. The wound evolves with necrosis and infection, and if not properly treated, amputation may be the end result. Surgical treatment is preferred in complex wounds without spontaneous healing. After debridement of the necrotic tissue, the wound bed needs to be prepared to receive a transplant of either a graft or a flap. Dressings can be used to prepare the wound bed, but this usually leads to longer duration of hospitalization. Negative pressure using a vacuum system has been proposed for speeding up the treatment. This paper had the objective of analyzing the effects of this therapy on wound bed preparation among diabetic patients.CASE SERIES: Eighty-four diabetic patients with wounds in their lower limbs were studied. A commercially available vacuum system was used for all patients after adequate debridement of necrotic tissues. For 65 patients, skin grafts completed the treatment and for the other 19, skin flaps were used.Wound bed preparation was achieved over an average time of 7.51 days for 65 patients and 10 days for 12 patients, and in only one case was not achieved.CONCLUSIONS: This experience suggests that negative pressure therapy may have an important role in wound bed preparation and as part of the treatment for wounds in the lower limbs of diabetic patients. RESUMOCONTEXTO: Complicações do diabetes mellitus que afetam os membros inferiores ocorrem em 40 a 70% dos pacientes. A neuropatia é a principal causa de ulceração e pode estar associada com problemas vasculares. A ferida evolui com necrose e infecção, e se não for corretamente tratada poderá terminar em amputação. O tratamento cirúrgico é preferido em feridas complexas, quando não há cicatrização espontânea. Após desbridamento cirúrgico do tecido necrótico do leito da ferida este precisa ser preparado para receber um transplante, seja um enxerto ou um retalho. Curativos podem ser usados para o preparo do leito da ferida, mas frequentemente levam a um longo tempo de hospitalização. A pressão negativa usada através de um sistema vácuo foi proposta para acelerar o tempo de tratamento. O presente trabalho teve como finalidade analisar os efeitos desta terapia no preparo do leito de feridas em pacientes diabéticos. SÉRIE DE CASOS:Oitenta e quatro pacientes diabéticos com feridas em membros inferiores foram estudados. Um sistema vácuo de uso comercial foi utilizado em todos os pacientes após adequado desbridamento de tecidos necróticos. Em 65 pacientes enxertos de pele completaram o tratamento e em outros 19 retalhos cutâneos. O preparo do leito da ferida foi conseguido, em média, em 7,51 dias em 65 pacientes, em 10 dias para 12 pacientes e em somente um caso não foi efetivo. CONCLUSÃO:A experiência sugere que a terapia por pressão negativa possa ter um papel importante no preparo do leito e como parte do tratamento de feridas nos membros inferiore...
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