Objetivamos discutir a formação de um modelo familiar alheio à heteronormatividade no longa-metragem Madame Satã (2002), primeiro trabalho de direção de Karim Aïnouz, que conta um recorte da vida do malandro pernambucano João Francisco dos Santos, antes de adotar o referido apelido, no espaço boêmio da Lapa, dos anos de 1930. Ao lado da prostituta Laurita e do gay afeminado Tabu, João forma uma família disruptiva do modelo burguês mononuclear formado pela tríade homem-mulher-criança cisgênero, e juntos criam a pequena Firmina, desestabilizando a moral cristã e burguesa do referido conceito, uma vez que são personagens historicamente marginalizadas por suas sexualidades e performatividades de gênero que compõem esse arranjo familiar. Primeiramente, discutimos a família como modelo social em conformidade com discursos jurídicos, médicos e religiosos, a partir dos textos de Engels (2019) e Foucault (2018), para pensá-la fora desse padrão, em conformidade com um modelo de família cuir.
Este artigo revisita o conto “Era uma vez”, da escritora paraense Maria Lucia Medeiros, assim como o conto “Restos de carnaval”, de Clarice Lispector, com o intuito de cotejá-los em sua temática que prioriza um olhar sobre personagens femininas na infância e como tais personagens frustram-se com suas mães e veem-se obrigadas a amadurecer. Para tanto, discutimos, primeiramente, o suporte teórico da Crítica Literária Feminista, a infância como um espaço de construção social e, por fim, propomos a leitura comparada dos referidos contos. Para tanto, recorremos aos textos de Simone de Beauvoir (2008), Adrienne Rich (1977; 2017), Elizabeth Badinter (1985) e Susana Funck (2016), dentre outros.
En este artículo propongo una lectura del poema “Juguemos en la jungla”, de la poeta afroperuana Mónica Carrillo Zegarra, publicado originalmente en el libro Unícroma, en 2007, en la ciudad de Lima, y posteriormente en versión digital, en 2015, por el Instituto Cervantes. Esta lectura se dedica a destacar la ironía del yo lírico que establece distinciones definitivas entre la vivencia de mujeres blancas y negras, como una crítica al sujeto universal del feminismo estándar. También señalo el proceso de construcción de dicho poema como herramienta de contraposición a la historia canónica que trató de silenciar ese personaje específico, la negra. Para tanto, utilizo textos teóricos de Gayatri Spivak (1998), María Lugones (2011), Chandra Mohanty (2008), Grada Kilomba (2019), Ochy Curiel (2010), y otros.
Este artigo pretende revisitar o conto-crônica “Delicado”, do dramaturgo e jornalista Nelson Falcão Rodrigues (1994), presente na coletânea A vida como ela é..., fruto de seu trabalho para o jornal Zero Hora, a fim de discutir de que modo a narração evidencia uma sociedade heteronormativa compulsória a qual violenta a existência do protagonista alheio à norma, a ponto de este vir a provocar a própria morte, não suportando a pressão externa para cumprir o seu ‘papel de homem’. Ao longo da escrita, evidenciamos como Eusebiozinho, personagem principal, ao romper com o binarismo sexual e norma social, é obrigado a retornar a um suposto lugar original/apriorístico, o da masculinidade hegemônica, por via da heterossexualidade compulsória, imposta pela família e representada pela figura do tio. Recorremos, para tanto, aos estudos queer e aos textos de Adrienne Rich (2003), Judith Butler (2005), Monique Witting (1992), Teresa de Lauretis (1994), Robert Connell (1995) e Michael Foucault (2001), dentre outros.
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