O presente artigo oferece uma reflexão crítica a respeito da morte como campo profícuo para o estudo do passado, em especial, a partir das contribuições advindas da Arqueologia Funerária. Ele sintetiza algumas das principais contribuições intelectuais provenientes do antiquarismo, da arqueologia processual e pós-processual para o entendimento das práticas mortuárias e, não obstante, aponta ao leitor maneiras de incorporar tais contribuições para melhor entendimento da morte e enterramentos em contextos passados. Afinal, o que a Arqueologia Funerária tem a oferecer à História, e por que ela é apenas ainda perifericamente incorporada ao debate? Traçando um conjunto de propostas fluidas e colaborativas entre o ofício arqueológico e historiográfico, o artigo mapeia um caminho frutífero a ser percorrido, em um ensaio sobre os potenciais do estudo do passado por intermédio da materialidade deixada pelos vestígios funerários.
A descoberta de ferramentas associadas à metalurgia e carpintaria na Idade do Ferro bretã é relativamente esparsa. Achados do tipo são encontrados em assentamentos, em tesouros ocultados e, às vezes, em cemitérios. Este artigo aborda a deposição de ferramentas, como tenazes, limas, martelos e outros, analisando contextos funerários encontrados em King Harry Lane (Hertfordshire), Whitcombe (Dorset), Rudston e Burton Fleming (East Yorkshire). Baseando-se em discussões prévias sobre a metalurgia e as ferramentas da Idade do Ferro bretã, como os estudos de Ehrenreich, Fell, Giles e Halkon, a pesquisa incorpora casos encontrados no continente, nas regiões francesas da Normandia e Val-d'Oise, onde sepultamentos com ferramentas ocorrem desde o século III a.C.. O artigo busca demonstrar como a deposição de ferramentas se tornou um mecanismo para expressar mensagens poderosas durante os séculos I a.C./d.C. na Grã-Bretanha, particularmente, associado ao gênero masculino.
Este artigo convida-nos a pensar a criação e transmissão de saberes em termos de suas manifestações materiais através do estudo de contextos arqueológicos. Tomando os enterramentos da Idade do Ferro em East Yorkshire, no norte inglês, como um estudo de caso, a análise demonstra como certos saberes, identidades e memórias foram materializados e transmitidos ao longo dos séculos, conectando gerações distintas. As tumbas são discutidas não como entidades individuais, mas como partes de uma soma maior. Isso inclui, por exemplo, diferentes monumentos incorporados pelos cemitérios e que costumam pré-datar a Idade do Ferro, bem como aspectos de performance, e possíveis relações entre alguns dos indivíduos enterrados em termos de suas osteobiografias.
Este artigo analisa a deposição de cerâmicas em contextos funerários da Idade do Ferro bretã. O enfoque será dado à região de Yorkshire durante os séculos IV-II a.C., discutindo dados obtidos em um total de cento e vinte e três sepultamentos. O artigo começa com uma discussão sobre os contextos dos achados cerâmicos, incluindo uma discussão de sinais de usos prévios dos artefatos em ritos de comensalidade. Em seguida, aborda o uso de estratégias mnemônicas durante os sepultamentos, com foco particular na quebra intencional de vasos. Em terceiro lugar, a discussão examina, ainda, os perfis das pessoas sepultadas com tais artefatos, em particular no tocante ao seu sexo e idade. Nesse sentido, procura indicar a existência de certos padrões de distribuição — particularmente entre indivíduos do sexo feminino em idade adulta—, variável significativamente conforme a faixa etária em ambos os sexos. O artigo argumenta, por fim, que a deposição de cerâmicas em sepultamentos indica uma realidade de relativa fluidez e compartilhamento entre os gêneros na esfera funerária. Paralelamente à análise central, a discussão oferece também uma avaliação crítica do debate historiográfico sobre a estética das cerâmicas da Idade do Ferro bretã.
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