A dirofilariose é uma doença parasitária decorrente da infecção provocada pelo nematódeo Dirofilaria immitis, transmitida por meio da inoculação de formas larvais de terceiro estágio, após picada de culicídeos vetores. É comum em cães e menos frequente em gatos, mas também afeta outros hospedeiros, como carnívoros selvagens e humanos. Sua distribuição tem importância de caráter mundial. No Brasil, a dirofilariose canina é endêmica e estima-se que a prevalência nacional esteja em torno de 23,1%, com sua transmissão ocorrendo principalmente em cidades litorâneas e de clima quente, onde existe maior probabilidade do desenvolvimento dos vetores. A gravidade da doença pode ser decorrente da cronicidade dessa infecção e pela quantidade de parasitos no lúmen vascular, decorrendo em lesões em nível endotelial e formações de trombos. Quando o animal já se encontra em estágio mais avançado da doença, ele pode apresentar síndrome da veia cava, que é comumente fatal por conta do acúmulo de parasitos adultos que se deslocam das artérias pulmonares e invadem ventrículo e átrio direito, podendo chegar na desembocadura da veia cava, evoluindo desta forma, para um processo de congestão do sistema venoso. Nos casos de grandes infestações e nos casos em que o animal apresente intolerância a exercícios físicos, não se deve forçar atividade, pois isso pode estimular a translocação dos parasitas, levando a um processo obstrutivo embólico. Casos de ciclos erráticos são pouco reportados, e quando ocorrem, acometem animais com alta taxa de infestação. O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso clínico de um paciente assintomático, com manifestação errática da doença, percebida em cavidade abdominal após a realização de procedimento cirúrgico de ovariohisterectomia. Foram realizados alguns exames, após a detecção do verme adulto no procedimento cirúrgico, para avaliar o estadiamento da doença. Contudo, os mesmos não apresentaram alterações significantes. Foi iniciado protocolo de tratamento, utilizando a doxiciclina como base para o controle da bactéria simbionte para o nematódeo, a Wolbachia spp. associada à lactona macrocíclica (moxidectina), como forma de controle da microfilaremia. O paciente continua em observação, sem manifestação de sinais clínicos.
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