Considerando a importância de reconhecer o aspecto político-ideológico inerente ao ensino-aprendizagem de inglês, este estudo busca investigar de que forma a língua inglesa é concebida na Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2017). Mais especificamente, pretende-se analisar se o ensino da língua inglesa preconizado na BNCC objetiva promover a conscientização crítica (FREIRE, 1970) de forma a contribuir com a formação de cidadãos que possam agir em seus contextos tendo em vista a justiça social, conforme postulado pela Pedagogia Crítica (FREIRE, 1970; CROOKES, 2013) e conforme enfatizado pelos documentos educacionais anteriores. Para tanto, analisa-se o documento da BNCC finalizado no ano de 2017 e, mais especificamente, as seções que dizem respeito à língua inglesa no Ensino Fundamental. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de ordem qualitativa, baseada na análise documental, a luz da teoria da Pedagogia Crítica (FREIRE, 1970; GIROUX, 1983; SHOR, 1992) e do Ensino de Inglês Crítico (CROOKES, 2013; PESSOA, 2014). A análise empreendida aponta que o documento da Base parece sugerir uma visão crítica com relação ao papel da língua inglesa (ao enfatizar seu status como língua franca, sua pluralidade e a valorização de seus diferentes registros), mas não verdadeiramente problematiza (ou discute como fazê-lo) de um viés crítico. Ainda, falha em apresentar definições claras para tais conceitos, explorando ideais de cidadania, tais como equidade e igualdade, de forma limitada e insuficiente. No que tange a questões político-sociais mais amplas, identifica-se um apagamento dos problemas sociais, que não são apresentados enquanto objeto de estudo da unidade curricular.