RESUMO / ABSTRACTApesar da crescente da popularidade da artroplastia discal, sobretudo em pacientes novos e ativos para o tratamento da discopatia degenerativa sintomática, atualmente ainda não existe evidência científica consistente acerca dos seus benefícios em comparação com o clássico tratamento, a artrodese intersomática. Alguns estudos atuais, e apesar de existir alguma controvérsia, afirmam que a artroplastia discal tem indicações rigorosas e está associada a uma coluna mais funcional e móvel, garantindo menos doença do disco adjacente e um regresso à atividade física mais precoce em comparação com a artrodese. Em teoria, os desportos de alto impacto, de contacto e os praticados ao nível de competição podem induzir cargas axiais e rotacionais repetidas e intensas sobre a coluna e a prótese discal, o que pode estar associado a risco superior de falência precoce da artroplastia. Neste artigo apresentamos a evidência científica atual sobre a biomecânica e os resultados clínicos das artroplastias discais, bem como os poucos estudos sobre a aplicação destes implantes em praticantes de atividade física. PALAVRAS-CHAVE / KEYWORDSArtroplastia discal, substituição discal, coluna vertebral, disco intervertebral, discopatia, desporto Disc arthroplasty, disc replacement, spine column, intervertebral disc, discopathy, sports TemaArtroplastia discal -conceito e biomecânica O tratamento cirúrgico clássico para a discopatia degenerativa avançada é a artrodese intersomática, isto é, a excisão do disco intervertebral e a fusão dos corpos vertebrais com a aplicação de cages e de enxerto ósseo. Apesar do seu sucesso em termos de alívio sintomático, alguns pacientes desenvolvem doença do disco adjacente, que consiste na degeneração sintomá-tica dos discos adjacentes, devido à alteração biomecânica da distribuição de cargas provocada pela perda de mobilidade por artrodese de um segmento, bem como ao aumento compensatório da mobilidade dos níveis não artrodesados. Além disso, os pacientes mais ativos ficam com menor mobilidade da coluna cervical, o que pode prejudicar a atividade desportiva e a qualidade de vida. De modo a contornar este problema foram criadas as artroplastias discais, que em teoria, permitirem mobilidade e recriarem uma biomecânica, funcionalidade e distribuição de cargas mais perto do normal no segmento afetado, poderiam estar associadas a menores índices de degeneração discal dos níveis adjacentes (Figura 1) 1. No entanto, atualmente as indicações para artroplastias discais são relativamente restritas e, como é conhecido, uma indicação correta é a chave para o sucesso de uma intervenção cirúr-gica 2 . As artroplastias discais devem ser aplicadas em discopatias degenerativas sintomáticas isoladas que não respondem ao tratamento conservador durante seis meses e, de forma geral, apenas em pacientes sem deformidades estruturais ou instabilidades da coluna vertebral, em particular sem alterações osteoartrósi-cas inter-facetárias, e com qualidade óssea aceitável 2 . Como tal, face à prevalência elevada das contra...
RESUMO / ABSTRACTApesar da crescente da popularidade da artroplastia discal, sobretudo em pacientes novos e ativos para o tratamento da discopatia degenerativa sintomática, atualmente ainda não existe evidência científica consistente acerca dos seus benefícios em comparação com o clássico tratamento, a artrodese intersomática. Alguns estudos atuais, e apesar de existir alguma controvérsia, afirmam que a artroplastia discal tem indicações rigorosas e está associada a uma coluna mais funcional e móvel, garantindo menos doença do disco adjacente e um regresso à atividade física mais precoce em comparação com a artrodese. Em teoria, os desportos de alto impacto, de contacto e os praticados ao nível de competição podem induzir cargas axiais e rotacionais repetidas e intensas sobre a coluna e a prótese discal, o que pode estar associado a risco superior de falência precoce da artroplastia. Neste artigo apresentamos a evidência científica atual sobre a biomecânica e os resultados clínicos das artroplastias discais, bem como os poucos estudos sobre a aplicação destes implantes em praticantes de atividade física. PALAVRAS-CHAVE / KEYWORDSArtroplastia discal, substituição discal, coluna vertebral, disco intervertebral, discopatia, desporto Disc arthroplasty, disc replacement, spine column, intervertebral disc, discopathy, sports TemaArtroplastia discal -conceito e biomecânica O tratamento cirúrgico clássico para a discopatia degenerativa avançada é a artrodese intersomática, isto é, a excisão do disco intervertebral e a fusão dos corpos vertebrais com a aplicação de cages e de enxerto ósseo. Apesar do seu sucesso em termos de alívio sintomático, alguns pacientes desenvolvem doença do disco adjacente, que consiste na degeneração sintomá-tica dos discos adjacentes, devido à alteração biomecânica da distribuição de cargas provocada pela perda de mobilidade por artrodese de um segmento, bem como ao aumento compensatório da mobilidade dos níveis não artrodesados. Além disso, os pacientes mais ativos ficam com menor mobilidade da coluna cervical, o que pode prejudicar a atividade desportiva e a qualidade de vida. De modo a contornar este problema foram criadas as artroplastias discais, que em teoria, permitirem mobilidade e recriarem uma biomecânica, funcionalidade e distribuição de cargas mais perto do normal no segmento afetado, poderiam estar associadas a menores índices de degeneração discal dos níveis adjacentes (Figura 1) 1. No entanto, atualmente as indicações para artroplastias discais são relativamente restritas e, como é conhecido, uma indicação correta é a chave para o sucesso de uma intervenção cirúr-gica 2 . As artroplastias discais devem ser aplicadas em discopatias degenerativas sintomáticas isoladas que não respondem ao tratamento conservador durante seis meses e, de forma geral, apenas em pacientes sem deformidades estruturais ou instabilidades da coluna vertebral, em particular sem alterações osteoartrósi-cas inter-facetárias, e com qualidade óssea aceitável 2 . Como tal, face à prevalência elevada das contra...
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