Fruto de um trabalho etnográfico, o livro Em Busca da Boa Morte, de Rachel Aisengart Menezes, aborda o novo ideário, conhecido como paliativista, que coloca em questão a morte fria e desprotegida no hospital – desse modo, o que se procura aqui é refletir acerca de um processo de mudança cultural, de contornos ainda pouco precisos, mas que, inegavelmente, procura humanizar o momento da morte, encarando a relação médico-paciente sob um outro ponto de vista . Trata-se de uma obra que traz à tona questões sobre a Ética no mundo contemporâneo, que banaliza a morte ou simplesmente não fala dela. Desse modo, o novo ideário constitui-se como uma resposta possível, mesmo que ainda ligada, à onisciência e onipresença da Medicina, quando o discurso médico já não possui respostas, conscientizando-se das suas limitações.
A construção da "boa morte" em diferentes etapas da vida: reflexões em torno do ideário paliativista para adultos e criançasThe construction of a "good death" at different stages of life: reflections on the palliative care approach for adults and children
RESUMOO hospital na sociedade ocidental contemporânea tornou-se local de delegação social dos doentes e campo de exercício do saber médico. Com o objetivo de analisar como são tomadas as decisões referentes a doença e morte dos internados, na prática dos profissionais de saúde, realizou-se uma etnografia num Centro de Tratamento Intensivo de um hospital público. Uma identidade específica dos profissionais do CTI foi evidenciada, assim como um "sistema" classificatório dos pacientes internados. A análise desses dados aponta a complexidade do processo decisório, no qual o profissional atua apoiado em seu saber, subjetividade e valores culturais.Palavras-chave: Prática médica; Centro de Tratamento Intensivo; decisões médicas; bioética; sociologia das profissões.
Resumo: Este artigo analisa a polêmica em torno da determinação dos limites da vida, a partir do pressuposto de que a demarcação das fronteiras entre vida e morte envolve questões culturais, sociais, religiosas e políticas referentes à gestão da pessoa. Debates acerca do aborto e da eutanásia evidenciam concepções morais sobre os direitos individuais que, por sua vez, são passíveis de normatização em cada contexto. Tais temas revelam -para além da criação e do desenvolvimento de novas tecnologias médicas, direcionadas à reprodução assistida, medicina fetal e manutenção artificial da vida, seja de prematuros ou de doentes fora de possibilidades de cura -valores e posicionamentos, muitas vezes contrastivos. A partir de levantamento de projetos de lei apresentados no âmbito legislativo brasileiro, constatou-se a presença de discursos opostos, oriundos da religião e de defensores da autonomia individual, o que ilustra os dilemas contemporâneos sobre os limites da vida.
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