O presente artigo pretende revisitar um tema talvez não suficientemente explorado pela Arqueologia Brasileira: a possibilidade de atualização da análise e classificação da cultura material que se convencionou denominar como “Cerâmica Neobrasileira”. Ao longo das duas últimas décadas, arqueólogos e arqueólogas com novas perspectivas tentaram criar modelos de análise que dessem conta da formulação de modelos de classificação regionais. Contudo, cabe fazer um balanço sobre os conceitos utilizados pela Arqueologia Brasileira até a atualidade, em equiparação com aqueles utilizados por outros campos de conhecimento, e, por fim, compreender o papel da Arqueologia na produção de um discurso integrado no que tange os estudos sobre a história das populações subalternas do país.
O ritual tem sido um dos temas explorados pelos estudos de sambaquis dos últimos anos e as ideias advindas da arqueologia pós-processualista têm contribuído para dar destaque ao campo imaterial dos sambaquis. Neste trabalho, apresentaremos uma análise sobre o histórico das pesquisas sobre os sambaquis no Brasil e novas perspectivas interpretativas, embasadas nos campos do neomaterialismo, comensalidade e ontologias relacionais (animistas). Enfim, buscamos a compreensão dos sambaquis através de uma etnoarqueologia que incorpore prismas relacionais, e demais contribuições advindas da etnobiologia e etnohistória. As relações intersubjetivas entre caranguejo e humano no manguezal são as nossas chaves para isso. Propomos aqui uma percepção do ambiente que observe a paisagem em sambaquis a partir de uma perspectiva relacional, não-antropocêntrica, isto é, com multiplicidade de agentes, humanos e não-humanos. Nesse caminho, com o auxílio de ontologias indígenas e o acesso a fontes etno-históricas, buscamos compreender os modos de vida humanos, e os rituais de morte, desenvolvidos nos sambaquis, nas relações intersubjetivas entre os caranguejos e comensais com o manguezal.
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